Do UOL Eleições:
Ano de eleição municipal e a situação se repete em várias cidades do Brasil: de olho nas urnas, políticos lançam ou apressam obras que, em muitos casos, estavam paradas ou cujos cronogramas previam outras datas de inauguração, para não mencionar a necessidade ou a prioridade de algumas dessas obras. São ruas com trechos interdidados, praças fechadas, recapeamentos de vias, calçadas onde a passagem de pedestres se torna quase impossível e outras variedades. Alguns municípios viram verdadeiros “canteiros de obras” nesta época. Pela legislação eleitoral, candidatos à eleição só podem participar de inaugurações de obras até o dia 7 de julho.
A prática de concentrar inaugurações de obras em anos eleitorais é recorrente no país e ruim para a gestão pública, avalia o professor do Departamento de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Marco Antonio Teixeira.
“É muito comum os governantes do Brasil fazerem isso. Deixarem seu pacote de investimentos para o ano eleitoral, exatamente para aumentar a sua popularidade para ter condições de se reeleger ou de fazer o seu próprio sucessor”, diz.
O Brasil vive em 2012 uma cena que infelizmente se repete a cada biênio: a multiplicação de obras (ou inaugurações) por todos os lados, para “mostrar serviço”. Mostrar à sociedade (a.k.a aos eleitores) que aquela gestão foi benéfica à cidade/estado/país. E este comportamento não é exclusividade de uma ou outra denominação partidária. Poucos são os políticos brasileiros que não se rendem à utilização do dinheiro público para fins privados: a reeleição, ou a eleição de um sucessor indicado.

Obras em São Paulo
Como o professor Teixeira bem apontou no excerto acima, isto é prejudicial à gestão pública. Isto ocorre porque a aceleração nos gastos nem sempre consegue ser rapidamente revertida no ano seguinte, o que faz o peso do Estado na economia aumentar.
Com o Estado maior, maiores as ineficiências na gestão pública, e maiores os encargos sobre os contribuintes. Traduzindo, para que os políticos possam se manter no poder, famílias e empresas precisam pagar cada vez mais impostos (ou não é possível reduzi-los).
Não é a toa que nos aproximamos de uma sinuca de bico na política nacional. Mesmo com a inflação ainda elevada, o Banco Central reduziu os juros (e prometeu reduzir ainda mais, provavelmente para 9% ao ano). Que chovam elevantes sobre a minha cabeça se isto não teve um caráter eleitoral. Pode até ter influência de outros fatores, mas o principal objetivo da instituição com tal atitude é aquecer (ainda que minimamente) a economia em um ano eleitoral, para que todos fiquem felizes com a situação atual.
É uma pena que tantos políticos brasileiros sejam tão viciados em poder, e não implementem reformas de base (reforma política, tributária, previdenciária, trabalhista) que tornem a economia brasileira menos burocrática e mais dinâmica. Aí sim, seria possível crescer 6-8% ao ano com inflação controlada. Porém, o que devemos ver é um crescimento de 3,5-4% com inflação encostando novamente no teto da meta.
Quem sofre é o cidadão.