Há muuuuuito tempo o preço da gasolina está congelado. Como o governo detém o controle dos preços, já há alguns anos o governo segura o preço do derivado de petróleo para evitar aceleração da inflação. Além de ser parte significativa do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, principal indicador da alta de preços no Brasil, utilizado como lastro da política monetária de metas de inflação), subir o preço da gasolina gera um efeito em cadeia em outros preços.
Uma alta de 10% do preço da gasolina e do óleo diesel elevaria o IPCA em 0,40 ponto percentual, sem contar os efeitos indiretos, segundo análise da Tendências Consultoria. A LCA estima que a defasagem entre os preços praticados no Brasil atualmente e os preços no exterior esteja superior a 30%. Pouco provável que o governo repasse toda esta alta, no entanto, por ser ano de eleições, e inflação pega mal, sempre se baseando em desculpas como “o preço do combustível é volátil”, “não vamos repassar uma alta artificial” ou argumentos semelhantes. E há formas de apaziguar a alta, como a redução da alíquota de impostos sobre os combustíveis. Tudo para segurar a inflação, não realmente preocupado com o bem estar dos cidadãos.
Você concorda com a postura do governo de subsidiar os combustíveis, forçando a queda de valor de mercado da Petrobras (que opera com prejuízos)?
Do Estadão:
A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, tem rechaçado a possibilidade de um reajuste nos preços dos combustíveis no Brasil. Mas, para analistas, o governo dificilmente conseguirá evitar uma alta em 2012. Por isso, muitos já fazem as contas para calcular o efeito do provável aumento nos índices de inflação.
“Nosso cenário inclui um reajuste em meados de maio. A defasagem entre os preços dos combustíveis aqui dentro e do petróleo no mercado internacional é insustentável”, afirmou Thiago Curado, analista da Tendências Consultoria Integrada.
As planilhas do economista embutem um reajuste de 10% nos preços da gasolina e do óleo diesel. Isso significa um impacto de 0,40 ponto porcentual no IPCA, o índice oficial de inflação do País. Por isso, a Tendências estima um IPCA de 5,5% para este ano, novamente acima da meta de 4,5% definida pelo governo.
É um cenário distinto do elaborado pelo Banco Central (BC). Na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores da instituição informam que trabalham com reajuste zero para os preços da gasolina e do gás de bujão para o acumulado de 2012. Ou seja, se o aumento dos preços for mesmo inevitável, o BC terá de refazer suas previsões inflacionárias.
O economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, também acredita que é difícil o governo escapar de uma alta dos combustíveis ao longo de 2012. Nas contas dele, para equilibrar os preços internos com os internacionais (e, assim, evitar que a Petrobrás tenha de arcar com a diferença), o preço do diesel deveria subir 35% e o da gasolina, 33%.
Ele frisa, no entanto, que esses números consideram os preços dos dois produtos na refinaria. “Até chegar ao consumidor final, há um longo caminho”, observou. Em outras palavras, o governo pode lançar mão de outros instrumentos – como uma redução de tributos, como já fez no ano passado – para evitar que um reajuste dessa magnitude chegue a bolso dos consumidores.
Um dos recursos possíveis é reduzir a alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (popularmente conhecida como Cide). Outra possibilidade, segundo Pessoa, é alterar o PIS/Cofins que incide sobre os combustíveis.