O IBGE divulgou nesta manhã:
O PIB teve variação positiva de 0,2% na comparação com o quarto trimestre de 2011. Indústria (1,7%) e serviços (0,6%) se expandiram, mas a agropecuária caiu 7,3%. O crescimento da indústria foi puxado pela indústria de transformação, que cresceu 1,9%. Construção civil e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana também registraram crescimento de 1,5% em relação ao trimestre anterior. Já a extrativa mineral recuou 0,5%.
No setor de serviços, as atividades de administração, saúde e educação pública (1,8%), comércio (1,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,9%) cresceram. Serviços de informação aumentaram 0,6%, enquanto outros serviços (0,2%) e atividades imobiliárias e aluguel (0,1%) mantiveram-se estáveis. Intermediação financeira e seguros recuou 0,8%.
Sob a ótica do gasto, o consumo da administração pública (1,5%) e o consumo das famílias (1,0%) subiram, enquanto que a formação bruta de capital fixo caiu 1,8%.
No que se refere ao setor externo, as importações de bens e serviços cresceram em ritmo superior ao das exportações: 1,1% contra 0,2%.
Abaixo a imagem bonitinha publicada pela Folha.
Pois bem, vamos analisar. O PIB surpreendeu para baixo devido a uma queda mais forte da Agropecuária. Isto não é importante, porque este setor é volátil e, assim como caiu rapidamente agora, consegue se reerguer com certa facilidade. O clima doido dos primeiros meses do ano (seca no nordeste e no sul, principalmente) derrubou a produtividade do setor.
Vamos olhar o que realmente é importante.
No comparativo com o primeiro trimestre de 2011, enquanto os consumos do governo e das famílias subiram 3,4% e 2,5% respectivamente, o investimento caiu 2,1%. Ou seja, pelo lado da demanda, a economia continua vendendo, mas as empresas reduziram o investimento por menor confiança no futuro.
A indústria cresceu 1,7% no comparativo com o trimestre anterior (na análise dessazonalizada*) e foi o setor mais representativo. No interanual, ela ficou praticamente estável (+0,1%). Porém, olhando pormenorizadamente, notamos que a indústria de transformação caiu 2,6%, enquanto a extrativa mineral subiu 2,2% e a construção civil, 3,3%.
(*dessazonalizado: sem os efeitos sazonais, ou seja, típicos daquele período do ano. Em todo natal o comércio aquece, por exemplo, e é importante tirar estes efeitos – ou seja, dessazonalizar – para evitar análises erradas).
Tanto número pode confundir… Mas vamos analisar.
O governo reduziu o IPI do setor automotivo, mas nada fez pela indústria farmacêutica, por exemplo, que caiu 11,4% em um ano. Como Carlos Sardenberg lembrou ontem no Jornal da Globo, o governo tira imposto de um lado e coloca do outro, e penaliza cada dia mais o contribuinte. Nos primeiros quatro meses deste ano, os gastos do governo subiram 13,1% – enquanto a receita de impostos subiu 12,5%. OU SEJA: além de aumentar a (já criminosamente alta) carga tributária, o aumento nos gastos é tão grande que é preciso aumentar o endividamento.
PIOR: não se tem aumentado o investimento em infra-estrutura. Vendem-se mais carros, mas sem estradas apropriadas. Facilita-se o crédito para o consumo, sendo que as famílias brasileiras já estão atoladas em dívidas.
Simplificando: o governo está governando para ganhar voto, aumentando gastos de forma discriminada mirando o eleitor. Pouco se faz pelo Estado, e as reformas necessárias para dinamizar a economia ficam para escanteio. E sim, acho apropriada a metáfora futebolística, dada que a política do pão e circo corre solta na República das Bananas…