Em 2012 a crise europeia se espalhou de vez pelo resto do mundo. Altos e baixos na economia mundial já estavam latentes desde a saída da crise de 2007-9, mas fica cada vez mais claro que esta pode ser a década da grande estagnação mundial. Com o aumento da percepção de risco, é natural que os investidores procurem “portos seguros”, e tendem a fugir dos países considerados mais arriscados. Desta vez, porém, ninguém sabe exatamente que país representa a segurança necessária, e as moedas tem se deslocado de maneira descolada. Vejam abaixo, conforme publicado na Exame:
“O real é a moeda que mais perdeu frente ao dólar em 2012. E disparado. Enquanto muitas das moedas emergentes perderam fôlego frente à moeda norte-americana por conta da aversão ao risco global, o real segue se depreciando na marcha forçada do governo rumo à blindagem falha da economia”, explica o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito.
De acordo com os cálculos do economista, o real acumula, no ano, uma desvalorização de 8,08% em relação ao dólar. É um resultado bastante diferente do México, outro país emergente, cujo peso se apreciou 5,93% na comparação com a moeda americana. Para Perfeito, o governo pode ter ido longe demais nas medidas para desvalorizar o real com o objetivo de ajudar a indústria do país.
Eu tendo a discordar parcialmente do economista da Gradual. É claro que as ações do governo no sentido de desvalorizar a moeda tiveram importância (especialmente através da introdução de diversas taxas sobre investimentos externos). Mas na minha opinião, este não foi o principal motivo da moeda brasileira ser, entre as selecionadas, a que mais se desvalorizou.
Perfeito não pôs no gráfico, mas o peso argentino se desvalorizou 6,7% neste ano, menos que o real. Não há como discordar que as medidas de Cristina Kirchner para controlar o câmbio e as reservas foram muito mais contundentes que as de Mantega e Dilma: restrições à compra de moedas estrangeiras, obrigação de prestação de contas por operadoras de cartões de crédito, etc. Ainda assim, o peso se desvalorizou menos. Por quê?
Porque o real tinha sido, antes do agravamento da percepção da crise, uma das moedas que mais tinha se VALORIZADO. O Brasil estava na moda. Os jogos olímpicos de 2016 e a copa do mundo da FIFA de 2014 apresentavam uma perspectiva de elevados investimentos no Brasil, e quem tinha disponibilidade estava ansioso por investir na terra das oportunidades contemporânea.

Brasil: a terra das oportunidades contemporânea? Parece que não.
Mal sabiam eles que o Brasil continua sendo burocrático, corrupto, difícil de operar. Para um investidor estrangeiro, o Brasil é uma selva. Não é fácil investir aqui.
Assim que a percepção de risco se elevou, BAM, eles foram embora. E o real desvalorizou.
E o que vai acontecer daqui para a frente?
Acho que a crise não vai estourar, como em 2008, apenas continuaremos neste marasmo repleto de instabilidade e volatilidade. Se isto se confirmar, é pouco provável que o real desvalorize muito mais. Quem tinha medo do Brasil já foi embora. O Brasil não está mais na moda. Mas é pouco provável uma nova valorização exacerbada, também.
Nossa, adorei o post!
Gostei tanto que até me tornarei um leitor assíduo.
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Bom trabalho!