Nas últimas duas décadas, pouca coisa mudou no globo geopolítico.
Após o desmantelamento da União Soviética, poucas mudanças aconteceram: o desmanche da Iugoslávia (formando-se Croácia, Sérvia, Montenegro, Armênia, Bósnia, Kosovo…), Timor-Leste finalmente se desvencilhou da dominação indonésia, nasceu o Sudão do Sul. A lista dos dez países mais “novos” você pode conferir aqui.
Ainda assim, o mapa mundi está quase igual. Não por muito tempo. Segundo o The New York Times, importante jornal dos Estados Unidos, estamos na fronteira de uma série de mudanças por motivos únicos em cada local. Vamos explorar isto melhor?
1) A China pode invadir parte do extremo leste da Sibéria
Não é novidade que a população chinesa é absurdamente grande, e a russa nem tanto. Faltam terras aráveis no território chinês, e há tempos existe uma pressão constante naquela região. Muitos chineses já cruzaram o rio Amur e começaram a estabelecer negócios e parcerias com os (poucos) habitantes da área. Não seria nada improvável que os chineses se aventurassem em uma expansão territorial em uma área cheia de terras férteis.
2) Reunião da Coreia
Seguindo-se o exemplo da Alemanha Ocidental no início dos anos 1990, a Coreia do Sul já se prepara para abraçar seus irmãos do norte. O problema, porém, reside no reinado do bizarro Kim-Jon Un – seguindo o caminho de seu pai e avô. A situação deplorável da população, porém, pode levar a um colapso do governo.
3) Pachtunistão e Baluchistão
A saída dos americanos da região deixou para trás um rastro de… nada. O vazio. O governo afegão é completamente desorganizado, e o Pachtunistão ganha força. Do outro lado da fronteira, os movimentos separatistas do Baluchistão – a mais rica província do Paquistão, também se revigoram. Ao que tudo indica, ou os dois países viram quatro, ou se juntam em um só.
4) Azerbaijão e o Norte do Irã
No norte do Irã, ao redor da cidade de Tabriz, aproximadamente 20 milhões de pessoas são etnicamente Azeris – de origem turca. A vontade de se separar e se unir ao Azerbaijão, com o apoio da Turquia, cresce a cada conflito com o governo central de Teerã.
5) Síria
A Síria está em guerra civil há mais de um ano e meio, e cada vez fica mais claro que o governo atual não se sustentará. Porém, também se recrudescem as diferenças entre as regiões: Damasco, de um lado, e Aleppo, do outro. Por fim, há a região de Alawite, a mais rica e produtiva do país, que ainda apóia o governo de Bashar Al-Assad. Não será surpresa se a região se dividir em diversas partes.
6) Instabilidade na Rep. Democrática do Congo
O governo central da República Democrática do Congo é tão frágil que alguns analistas sequer consideram a existência de um. As províncias de Kivu do Norte e do Sul já orbitam ao redor do governo de Ruanda, que inclusive mantém presença militar na região. A província de Katanga, no sul e rica em minas de cobre, também pode se tornar independente ou se ligar à Zâmbia.
7) Somália
No próximo ano, o governo da Somália deve se reestruturar e deixar de ser exemplo prático de Estado Falho. Por outro lado, as regiões de Somalilândia e Puntlândia não estão contentes com isso. Lá, a economia vai bem – baseada na pirataria, basicamente. E a chance delas pularem fora é grande.
8) União do Golfo Árabe
A invasão militar da Arábia Saudita no Bahrein, no último ano, foi apenas um sinal de que as fronteiras na região são artificiais e simplistas. As monarquias familiares da região já perceberam que unidas elas conseguem mais (dinheiro pelo petróleo). E isso pode incorrer na união dos países da área, comandada pelos sauditas.
9) Mali e Azauade
Há tempos os conflitos gerados pelos tuaregues indicam que a separação de Azauade do restante do Mali está próxima, baseada em fortes diferenças culturais e étnicas. Isso pode levar outros movimentos separatistas na região a ganhar força – como na Kabília, na Argélia, ou no Saara Ocidental.
10) Curdistão
O poder político de Bagdá ainda é frágil, e cada vez fica mais próxima a independência da região castigada pelos lançamentos de gás mostarda de Saddam Hussein, há pouco mais de duas décadas. O governo regional, atualmente, já é capaz de realizar acordos de interesse próprio nas áreas de energia e abastecimento, por exemplo. Talvez o dia do povo curdo ter uma nação própria (após mais de 3 mil anos de dominação) esteja mais próximo que nunca.
11) Bélgica e Valônia
A União Europeia é tão forte que as fronteiras nacionais já tem pouca importãncia: é assim que os belgas vêem sua questão separatista interna, a mais pacífica das aqui enumeradas. A Valônia, província francófona do sul do país, está mais próxima do que nunca de sua independência. Especialistas afirmam, aliás, que se não fosse por Bruxelas (cidade que fica no Norte, mas que também tem o francês como língua principal), os dois Estados já teriam se desmembrado há tempos. Importante destacar que a independência das províncias é tão grande que o país chegou a ficar mais de um ano sem governo.
Além destes casos enumerados pelo NYT, há ainda casos mal resolvidos no Canadá (Quebec), Dinamarca (Groenlândia), Angola (Cabinda), Reino Unido (Escócia), Espanha (Catalunha e País Basco), Ucrânia (Crimeia) e Bolívia (Santa Cruz).
O mundo muda a cada dia, e as fronteiras nacionais estão em constante evolução. Vamos acompanhar o que vai acontecer…