Prédios abandonados no centro de SP receberão moradias populares. Seria esta a solução para as cidades brasileiras?


Ocupar os centros das maiores cidades do país fora do horário comercial é uma tarefa árdua, que boa parte das prefeituras não sabe como fazer. Parece que a paulistana acertou a mão. Veja a notícia da Folha:

Eles já foram prédios disputados e reduto da classe alta paulistana. Alguns, abrigaram antigos hotéis imponentes. Hoje, após anos de degradação, se preparam para receber moradores que nos seus “anos áureos” não teriam condições de habitá-los.

Em breve, 2.440 apartamentos nesses prédios serão os novos endereços de moradores de baixa renda. Essas unidades estão em prédios como o que abriga a tradicional cantina Gigetto, na rua Avanhandava -que concentra restaurantes na região.

Ao edifício onde funciona o Gigetto se juntarão os prédios dos antigos hotéis Cineasta, na avenida São João –próximo à Ipiranga–, Lord, na rua das Palmeiras, e Cambridge, na av. Nove de Julho.

Essas 2.440 unidades de apartamentos populares estão hoje em fase de construção ou em projeto, no centro. Entre prédios novos e os que estão sendo reformados para abrigá-las são 17 edifícios.

Desses, sete estão sendo feitos diretamente pela prefeitura. Os demais, em parceria com a iniciativa privada. Em todos os casos o térreo dos prédios terá áreas comerciais –bancos, restaurantes e supermercados, por exemplo.

Estes são os primeiros de uma lista de 53 imóveis já localizados pela prefeitura no centro e onde é possível instalar residências. Com contratos assinados, ao próximo prefeito caberá só concluir as obras.

O objetivo é beneficiar famílias com renda de até dez salários mínimos. O deficit habitacional, segundo a Secretaria Municipal de Habitação, é de 226 mil casas populares.

 

Sinceramente, eu fiquei muito feliz ao ver este antigo projeto realmente tomando corpo.

Há tempos diversas cidades brasileiras tentam (relativamente sem sucesso) ocupar os centros das cidades. Estas regiões geralmente são as mais perigosas, justamente devido à baixa ocupação residencial – o que leva ao rápido esvaziamento das ruas após o horário comercial.

As cidades brasileiras foram construídas com os moldes europeus. Lá, a maior parte das pessoas gosta de morar perto do centro, para economizar tempo (e dinheiro) se deslocando até onde tudo acontece. A maior parte das cidades são muito menores que as principais cidades brasileiras – Lisboa, por exemplo, que é a maior cidade portuguesa, tem pouco mais de 500 mil habitantes. Aqui, esta seria considerada uma cidade média – no estado de SP, até pequena.

Com o tempo, nossos hábitos se aproximaram dos norte-americanos: bairros mais espalhados, condomínios e cidades grandes e descentralizadas. Aí, surgiu o impasse: o que fazer com o centro, quando quem tem dinheiro (e possuía grandes propriedades nas regiões centrais) se mudou para outros bairros, mais tranquilos e afastados?

Redistribuir os espaços e reutilizar pode ser a resposta. Vamos acompanhar. Definitivamente, eu não vejo a hora que investimentos semelhantes sejam feitos em Curitiba, no Rio, em BH, Porto Alegre, Salvador, etc.

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Um pensamento sobre “Prédios abandonados no centro de SP receberão moradias populares. Seria esta a solução para as cidades brasileiras?

  1. André Souza disse:

    Isso me fez lembrar os movimentos de ocupação de prédios abandonados em Madrid. Se bem que lá a coisa é menos organizada e alguns dos espaços ocupados são transformados em centros sociais ou espaços que visam a melhoria da comunidade.
    Ambas as ideias me parecem bastante válidas, são métodos interessante de revitalizarem a cidade e contanto que sejam executados de modo organizado só podem dar bons frutos.

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