Para cumprir meta fiscal, governo sacrifica confiabilidade


O governo brasileiro geralmente já não costuma cumprir suas metas de superávit primário (conceito fajuto que só existe no Brasil, que representa a economia feita pelo governo naquele ano antes de pagar os juros da dívida – depois de descontados, o governo brasileiro sempre fica em déficit, ou seja, gasta mais do que ganha). Usam-se mentiras e abatimentos (o que não deveria ocorrer) para ludibriar o mercado. Mas em 2012, Mantega e sua equipe passaram dos limites.

A meta para o ano era de R$139,8 bilhões, mas até novembro a economia feita era de apenas R$82,7 bilhões. Ou seja, faltava mais de R$57 bi para cumpri-la. O governo deveria ter admitido que não iria conseguir, devido à crise internacional, à conjuntura blá blá blá ou à dor de barriga da Dilma. Mas não. Ele usou uma série de subterfúgios para chegar lá:

1) Abatimentos. O governo diz que os investimentos (ou seriam gastos, considerando-se o tanto de desvio de Cachoeira e Cia?) do PAC vão trazer crescimento lá na frente, e portanto podem sacrificar a meta. Já tinha feito isto em outros anos, fez isto novamente. Uns R$32 bi vêm de lá.

2) Injeção de dinheiro no caixa do Tesouro Nacional. Como? Imprimir dinheiro não pode, né. Então…

2.1) Obriga-se a Caixa a distribuir dividendos imediatamente. R$4,6 bi. No ano, o banco mandou R$7,7 bi para as contas públicas. Ah, o BNDES também teve que mandar dividendos para a draga do Mantega. R$2,3 bi.

2.2) Um verdadeiro samba do criolo doido para pegar dinheiro do Fundo Soberano (FSB). O Fundo deveria ser usado em situações emergenciais, ou para boas causas, mas o governo preferiu usar aquele dinheiro para tapar buracos de gestão mal-feita. Ao todo, o FSB deve enviar perto de R$ 12,4 bi. Como o dinheiro estava em ações da Petrobras, o BNDES comprou estas ações do FSB.

Os valores exatos serão descobertos no fim do mês, com a divulgação dos números da contabilidade nacional. Oficialmente, o governo garantiu que cumpriria a meta neste ano para salvaguardar as reduções da taxa básica de juros feitas pelo Banco Central. Mas com tantos artifícios e contabilidade criativa, fica difícil levar o governo a sério.

(Com informações da Folha e do Estadão)

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