O patrãozinho chegou e pediu que a gente essa semana pensasse sobre os nossos figurões. Pensei, pensei, pensei e quem melhor do que a senhora dona presidenta pra eu falar? Num é? Pensei bem. Mas como falar da senhora dona presidenta se minha função nessa terra de meu deus é ver as coisas de arte – um bichinho quase apolítico como este reles eu que vos fala querendo falar da senhora dona presidenta do Brasil é absurdo.
Eu poderia fazer uma comparação da senhora dona presidenta com Sancho Pança governando a Ilha Baratária, mas era quixotismo demais pra tão pouco tempo. Além do que nosso querido ex-presidente Lula-lá-é-a-esperança tem mais físico, intelecto e atitudes do Senhor Pança – e nisso vai até um tanto quanto de elogio, não me levem a mal. Eu poderia procurar e vasculhar naqueles sangrentos reinados shakespereanos um rei que conjuminasse os aspectos um tanto obscuros do modus governandi [tremem os juristas de prazer e os latinistas de nojinho] de nossa senhora dona presidenta [rogai por nós pecadores]. Mas pareceu muito sangue e pompa de lá e muito fuén por aqui, então deixei de lado.
Quando é fé [explico a expressão: cá na mui honrosa província de Goyaz quando queremos falar que algo aconteceu subitamente dizemos: “quandéfé”. Uma singela apócope da expressão “quando dei fé” que nos medievais e priscos idos significava quando me apercebi], quandéfé, me lembro de uma notícia recém lida nessas internetes da vida: a senhora dona presidenta convidou para um de seus ministérios o vice do governador-xuxuzinho Geral do Alckimin.
Pois deu-se a mixórdia! Na direita como na esquerda, no centro, acima e abaixo foi um tal de desculpe auê, eu não queria magoar você, foi ciúme sim, fiz greve de fome guerrilha motins, perdi a cabeça, esqueça. Ninguém esperaria essa atitude tão cheia de arroubos da nossa antiga vermelhíssima guerrilheira-presidenta. Será que nossa antiga sequestradora pelo bem da pátria ficou com medo de magoar e enciumar a oposição xoxa que lhe foi dada e resolveu dar uns anéis de saturno pra adoçar a boca deles?
Eu fico pensando o que será que acontece naquele palácio-não-palácio [já que não tem pompa e majestade ninguém que com mão de ferro ou mão leve de lá nos governa], no escurinho do cinema chupando drops de anis… Será que a Debora Kerr que o Gregory Peck? Ou será só impressão minha que agora a senhora dona guerrilheira-presidenta está se aliando a quem quer que seja indiferente se é oposição, situação ou mal-criação? Nossa garota tá Mae West só não sei quem lhe é o Sheik Valentino. Espero o dia que de repente se acendam as luzes, cruzes! Que flagra, que flagra, que flagra! [embora o nosso sancho pancístico ex-presidente inspirado no mestre Zeca Pagodinho tenha dado a lição: nunca vi, nem comi, eu só ouço falar]
Eu fico aqui imaginando [ah, crianças, temam pela sua imaginação ela é uma arma poderosa para. No meu caso quando a dita cuja se atina a me maltratar nada mais a fazer: ela me arrasta e me leva onde quer] imaginando a senhora dona guerrilheira-presidenta vestida com um apertadíssimo e sensual espartilho – obviamente carmesim, púrpura, grená, Bordeaux, ou variações rubras e sanguíneas – se virando dentro de alguns meses – deus guarde meus olhos pra ver esse dia – virando-se para o nosso querido sempre-segundo-lugar José Serra e dizendo numa voz entre rouca e desejosa:
– Venha me beijar, meu doce vampiro…