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Política e Religião: Uma combinação perigosa e indigesta

Opinar sobre a mistura de política e religião é algo perigoso, pois acirra rivalidades e levanta paixões intensas de todos os lados. Mas é uma discussão fundamental no Brasil atual.

O crescimento das igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais no Brasil desde a década de 1960, mas principalmente após 1990, é rápido. Várias destas igrejas se caracterizam por um forte caráter carismático, com estratégias de marketing agressivas e vocação evangelizadora. Isto aumenta a exposição destas denominações, o que eleva a polêmica a respeito do papel destes missionários na sociedade, além de assegurar mais e mais participantes.

Igreja Universal do Reino de Deus: exemplo de grandiosidade, opulência e poder que arrebanham mais e mais fiéis a cada dia

Discussões quanto às práticas religiosas a parte, pastores, cantores gospel e outros missionários se espalham pela sociedade, e muitos assumem atualmente cargos públicos: desde vereadores, prefeitos, deputados até, recentemente, a nomeação de um ministro pela presidente.

Gosto de deixar muito claro o trecho “discussões quanto às práticas religiosas a parte” porque o Brasil é um país democrático e livre, onde cada um pode afirmar o que bem entender – sem ferir a liberdade alheia, logicamente. Como afirma nossa constituição em seu Artigo 5º, Termo VI:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. (…) É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.

Portanto, se alguém quiser dizer que acredita que os bebês vêm de repolhos, da cegonha ou que o mundo vai acabar quando algum deus voltar à Terra, esta pessoa tem seu direito assegurado. Acredita quem quer. Ponto final.

Mas… como eu falei, a liberdade de um vai até onde começa a do outro. E infelizmente, a chamada “bancada evangélica” costuma se posicionar com frequência contra o mesmo artigo da Constituição Federal que assegura seu direito de falar: o direito à igualdade.

O Brasil é um país desigual. Enquanto alguns tem alguns direitos, outros não os tem. Heterossexuais podem se casar e adotar com relativa facilidade legal, homossexuais enfrentam uma guerra nestes âmbitos; adolescentes educados em escolas particulares com preços salgados têm acesso à educação superior pública gratuita, os menos favorecidos, não necessariamente; e assim por diante.

Vamos combinar uma coisa, galera? Todos têm o direito à igualdade. A uma vida digna. Não importa se você gosta ou não de fulano ou ciclano, se você acha que ele vai para o inferno por seu comportamento. RESPEITE-O COMO VOCÊ DESEJA SER RESPEITADO. E vamos lutar por direitos iguais a todos, não apenas àqueles com quem nos identificamos.

É só isso. Obrigado.

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