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Moderação.

Em tempos de polarização extrema, moderação.

Sei que provavelmente vou decepcionar muitos leitores do Economistinha e boa parte dos meus amigos ao declarar que não apoiarei nenhum candidato no segundo-turno da eleição presidencial.

Enquanto um representa um risco a curto e médio prazo, motivado por um discurso de ódio a minorias e ao establishment político, o outro sequer tentou se descolar da razão deste ódio – o maior escândalo de corrupção da história mundial.

Enquanto um lado é vocalmente misógino, homofóbico e racista, o outro lado tem pouco respeito às instituições democráticas.

Mas foram o #elenao e o #foraPT que nos trouxe até aqui. Afirmar porque não devemos votar em um candidato jamais nos fará avançar.

Eu não apoio qualquer um desses candidatos. Mas posso, e vou, tentar levantar o que há de melhor em cada candidatura, para que possamos responsabilizá-los no futuro.

FILE PHOTO: A combination photo shows presidential candidates Bolsonaro and Haddad

Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) Foto: Adriano Machado e Rodolfo Buhrer/Reuters

Salvo um desastre, Bolsonaro será o próximo presidente do Brasil. Além disto, conseguiu tornar um partido até então irrelevante no estandarte do pensamento de direita do país, com o segundo maior número de cadeiras no congresso e cinco senadores, incluindo o filho de JB, Flávio. Isto deve facilitar seu governo, ao menos a principio, e Bolsonaro deve conseguir apoio a suas idéias no legislativo.

O maior trunfo do candidato é seu viés liberal. Não há dúvidas de que o Brasil precisa de reformas que enxuguem o Estado. O custo para manter a máquina pública é insustentável, e o futuro superministro da economia Paulo Guedes tem conhecimento de sobra para que possamos “arrumar a casa” e sair da crise econômica.

Seu segundo pilar, a seguranca pública, precisa de uma solucao urgente. Sou contrário à flexibilização do Estatuto do Desarmamento, mas o investimento em equipamentos, tecnologia, inteligência e capacidade de investigação das forças policiais é fundamental – verifiquemos que isto de fato aconteça.

Do outro lado, Haddad tem ótimas idéias no âmbito social e de desenvolvimento urbano. Foi sob os governos do PT que milhões saíram da pobreza, que conseguimos reduzir a desigualdade social, racial e de gênero, além de assegurar direitos humanitários básicos, como o casamento igualitário, a Lei Maria da Penha e o fortalecimento do Estado de Bem Estar Social e de seus vetores de proteção social, como o Bolsa Família.

Espero que, independente do resultado final das eleições, consigamos manter políticas de inclusão e, mais importante, o respeito às instituições democráticas. Acima de todas, a constituição e seu Art. 5º:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Francis Kinder, o seu Economistinha.

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Sorria, você está sendo assaltado!

A exatamente um mês da abertura oficial dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, a imprensa internacional destaca os problemas da cidade.

Atletas cancelam sua vinda por medo do zika. O governo estadual decreta estado de calamidade pública para receber 2.9 bilhões de reais (a fundo perdido) em verba emergencial do governo federal para pagar salários atrasados e evitar um caos generalizado na saúde e segurança durante os jogos.

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Mas o pior de tudo é a completa falta de segurança. Entre Janeiro e Maio, foram registrados 48.429 roubos de rua no Rio de Janeiro. São 13 por hora, o maior nível em toda a série histórica. Vale a pena conferir o artigo d’O Globo.

De acordo com o jornal Extra, a cidade é cenário de 15 guerras entre quadrilhas. Como uma cidade em plena guerra civil receberá o maior evento do mundo, que representa a paz e união entre povos?

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Na última semana, duas equipes de TV tiveram seus equipamentos roubados. Hoje, é destaque o roubo de 9 computadores portáteis de uma arena olímpica. Pior: o roubo foi feito pela própria equipe que seria responsável por fazer a segurança da instalação.

Para as olimpíadas, haverá 85.000 policiais nas ruas, o que deve ser suficiente para evitar arrastões nas imediações das instalações olímpicas e principais pontos turísticos. Mas e depois?

Até quando o brasileiro será tolerante com tanta violência?

E qual a sua causa?

 

Apesar da fama do brasileiro pacífico, é inegável que os níveis de violência no Brasil são assustadoramente superiores a países de igual ou inferior nível de desenvolvimento.

Das 50 cidades mais violentas do mundo, 21 estão no Brasil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a OMS, o Brasil lidera em número de homicídios.

Acho difícil, se não impossível, achar uma resposta única do porquê dos níveis estratosféricos de violência no Brasil. Cabe o debate, e é assunto para estudos acadêmicos.

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Quanto à tolerância à violência, acumulam-se os casos de ladrões acorrentados ou amarrados por populares, buscando ”fazer justiça com as próprias mãos”. Contra violência, mais violência.

Na minha opinião, isso mostra como a violência está enraizada em nossa cultura. Ela não é apenas do pobre contra o rico, do favelado contra o “cidadão de bem”.

Qual a solução para isso?

Sinceramente, eu não sei.

Só espero que os holofotes olímpicos nos façam discutir esse assunto a fundo – e não apenas esconder o problema sob o tapete (ou atrás de muros).

O que você acha que causa a violência no Brasil? E como resolvê-la?

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Brasil tem a 44a melhor democracia do mundo

Mamãe The Economist acabou de lançar a mais nova edição do Democracy Index e, novamente, os países nórdicos encabeçam a lista. Noruega, Suécia e Islândia se mantém como os três países com as melhores democracias do planeta, seguidos de Nova Zelândia e Dinamarca.

No fim da lista, países africanos e árabes se destacam. Ainda assim, o país menos democrático do mundo é a Coreia do Norte, comandada pela família Kim desde 1948.

A América Latina possui dois países entre as Democracias Plenas: Uruguai (17o) e Costa Rica (24o).

O Brasil é a 44a melhor democracia do mundo, dentre 167 países analisados. Com isto, o Brasil é classificado como uma Democracia Imperfeita. O país ficou exatamente na mesma posição que ano passado, mas melhorou sua média geral, de 7,12 para 7,38.

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Isso foi resultado de uma importante melhora no quesito Cultura Política, em que nossa nota partiu de 4,38 para 6,25. Por outro lado, nossa nota em Participação Política oscilou para baixo, de 5,00 para 4,44. As demais categorias tiveram notas inalteradas. São elas: Processo Eleitoral (9,58), Funcionamento do Governo (7,50) e Liberdades Civis (9,12).

Ainda há um longo caminho pela frente, mas é muito satisfatória a evolução de nosso país nos últimos 30 anos.

Para o relatório completo, clique aqui.

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Como o Partido NOVO pode chacoalhar a política brasileira

Ontem, o TSE aprovou o registro do Partido NOVO, o 33o partido de nosso país. Ele usará a legenda 30, e já poderá ter candidatos nas eleições do próximo ano, para prefeitos e vereadores.

Mais um partido?

Sim. 33 partidos é um absurdo. Há tantas legendas no Brasil que a maior parte da população sequer sabe enumerar cinco delas. Quem dirá 33. Fora os partidos “clandestinos”, como a Rede de Marina Silva – que aguardam aprovação.

Mas a chegada do Novo é bem vinda. Por quê?

Porque o novo é um partido defensor do liberalismo, área de pensamento político até então órfã em nosso Estado.

Os dois partidos que dominam a cena política brasileira desde 1994 seguem a linha social-democrata, onde o Estado atua para promover a justiça social em um Estado de Bem Estar Social.

Enquanto o PT possui teor mais estadista, o PSDB migrou à direita com a ascenção de Lula (vale muito a pena ler este texto sobre isto).

Até então, aqueles que não se identificam com a esquerda apenas encontravam voz em membros da Bancada BBB (Bíblia, Boi e Bala). Mas esse grupo tampouco me representa – eles representam a ala mais retrógrada da nossa população.

Mas no maniqueísmo da nossa política atual, em que quem não está a favor do governo está contra o Brasil e suas instituições, faltavam alternativas.

Agora não falta mais. E exatamente por isso o Novo pode chacoalhar a política nacional.

PP, DEM e PSC – que cresceu consideravalmente nos últimos anos justamente com os descontentes de outras siglas à direita do PT no espectro político brasileiro – são os primeiros que devem se preocupar. O extremismo de parte de seus membros nunca interessou a liberais, tanto economica quanto socialmente.

O Novo também pode roubar muitos votos tanto de PT quanto de PSDB e, com isso, se mostrar uma terceira via possível.

Segundo o website do Novo, seus principais valores são:

– Liberdades Individuais com responsabilidade

– Indivíduo como único gerador de receita

– Todos são iguais perante a lei

– Livre mercado

– Indivíduo como agente de mudanças

– Visão de longo prazo

Com o intuito de separar gestão partidária de cargos políticos, aceitar apenas membros ficha-limpa e limitar o carreirismo político, o Novo pode trazer novos ares ao Brasil. Seus fundadores são empresários, administradores, arquitetos, engenheiros, médicos e empreendedores, “sem vínculos com políticos tradicionais”.

Ideias liberais também vêm em boa hora – com a dificuldade em encontrar uma saída para o rombo fiscal, apenas uma profunda reforma e diminuição da máquina pública são uma saída viável para o país.

O Brasil precisava disto.

Se o Novo demonstrar na prática o que apresentou até agora, eu sem dúvida apoiarei seus candidatos nas próximas eleições. Ideologicamente, sou social-democrata e liberal social. Mas acredito que o Brasil precisa de novos ares. Para isso, nada melhor que um Partido Novo.

Visite o site do Partido Novo!

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48h em Recife

“Salve! Ó terra dos altos coqueiros! De belezas soberbo estendal! Nova Roma de bravos guerreiros, Pernambuco, imortal! Imortal!”

No 48 horas dessa semana iremos a terra do calor, do carnaval e do frevo, sim! Recife! ou Hellcife (pros mais íntimos) capital do Estado de Pernambuco, mais conhecida como a “Veneza Brasileira”, pelos seus rios e pontes.  Então pega a mochilão e vamos partir!

Praia de Boa Viagem, o principal cartão postal de Recife, é onde você deve se hospedar (foto: Carlos Oliveira/Prefeitura de Recife)

Praia de Boa Viagem, o principal cartão postal de Recife, é onde você deve se hospedar (foto: Carlos Oliveira/Prefeitura de Recife)

Sexta, 18h

Ao desembarcar, temos três opções de para chegar ao hotel: ônibus, metrô e táxi.

O aeroporto fica a 11 km do Centro. Há ônibus (R$ 2,45) para Boa Viagem (15 minutos), bairro nobre da cidade onde concentra 80% da rede hoteleira, e para o Centro (30 minutos), o táxi até a maioria dos hotéis custa, em média, R$ 30. Como o metrô (R$ 1,60) é interligado ao aeroporto, é uma ótima opção para chegar ao centro, na Estação Recife, você encontrará linhas de ônibus que podem te deixar próximo ao local desejado.

No Chiwake, você vai redescobrir o prazer de comer bem (foto: Chiwake/Beto Figueroa)

Para matar a fome, as melhores opções se concentram em duas áreas. Visite a movimentada Rua da Hora, polo gastronômico no bairro do Espinheiro, Zona Norte da cidade. Na via, há bares e restaurantes, do requintado peruano Chiwake, passando pelo japonês Zen, até o contemporâneo Villa, há opções para todos os bolsos. Aos boêmios, o Entre Amigos, o Botequim da Hora e o Empório Sertanejo  se destacam. Na Zona Sul, o Polo Pina também reúne bons endereços como o Boteco Maxime, o mexicano Guadalupe, a hamburgueria Pin Up e a churrascaria Boi e Brasa.

Sábado 9h

Se você quer levar lembrancinhas de Recife, a Casa da Cultura de Pernambuco é o lugar, localizando no centro da cidade, o espaço era a Casa de Detenção do Recife, um presidio desativado 1973. O prédio possui estilo classicista imperial, e foi construído em forma de cruz, ficando as celas dispostas em alas que podiam ser vigiadas facilmente a partir de uma sala central. Hoje é um centro cultural, onde possui artesanato, com lojas de pintura, bordado, jóias, confecções.

Sábado, 11h

(foto: catamaran tours)

Desbrave o centro do Recife pelo Rio Capibaribe, no passeio aquático pelo Catamaran Tours, conheça um pouco da história, desfrutando das belas paisagens e pontos turísticos da cidade. O Passeio tem cerca de1h e 20min de duração, Adulto: R$ 40,00 criança de 6 a 10 anos: R$ 25,00 0 a 05 anos: gratuito.

Almoce no restaurante Leite, o mais antigo em funcionamento do Brasil.

Sábado, 15h

(foto: Instituto Ricardo Brennand)

Visite o Instituto Ricardo Brennand, fundado em 2002 pelo colecionador e empresário pernambucano Ricardo Brennand. Possui uma coleção permanente de objetos histórico-artísticos de diversas procedências, abrangendo o período que vai da Baixa Idade Média ao século XXI, com forte ênfase na documentação histórica relacionada ao período colonial e ao Brasil Holandês.

O instituto também abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, com mais de 3 000 peças, a maior parte proveniente da Europa e da Ásia, produzidas entre os séculos XIV e XXI. A biblioteca do instituto possui mais de 60 mil volumes, datados do século XVI em diante, destacando-se as coleções de brasiliana e obras raras. A entrada custa R$ 20,00 (Inteira) e R$ 10,00 (meia).

Na minha opinião é uma visita obrigatória. O lugar é muito lindo, com amplas áreas verdes, castelos e estátuas. Costumo dizer que é um pedaço da Europa no Recife.

Caso você fique hospedado no centro, um conselho, VÁ DE ÔNIBUS, (CDU – Várzea), uma corrida de táxi custará perto da casa dos R$ 100,00 você pode pagar R$ 2,45 e ele te deixará próximo da entrada do instituto. A viagem leva de 40 min a 1h.

Sábado 22h

É hora de comer e se divertir novamente! Vá para o Bairro do Recife (mais conhecido como Recife Antigo). Por lá, ficam Rua da Moeda, Rua do Bom Jesus, Rua Vigário Tenório e Rua Tomazina – todas elas com bares e casas de show com preços acessíveis. Próximo tem a praça do Marco Zero, ótimo lugar para tirar algumas fotos. Ainda no centro da cidade, a Rua Mamede Simões reúne boêmios no Bar Central: reduto de jornalistas, fotógrafos, designers e artistas.

Domingo 9h

Vamos curtir o sol, o mar, deitar na areia e bronzear!  Com seus 7 km de extensão, vamos à tradicional Praia de Boa Viagem. A programação é livre, correr no calçadão, bronzear, jogar vôlei, sempre tomando muito liquido. Só cuidado ao entrar na água, é banho de praia, não mergulho, preste atenção nas placas, água até o joelho e siga orientação dos salva vidas.

Domingo 14h

Chegando ao finalzinho da viagem, chegou a hora de conhecer o ritmo que rege a história da cidade, declarado como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO, oxe! Eu to falando do Frevo!

Instalado no Bairro do Recife, o Paço do Frevo é um espaço dedicado à difusão, pesquisa, lazer e formação nas áreas da dança e música do frevo, visando propagar sua prática, universo de personalidades, histórias, memórias para as futuras gerações.

Eu já visitei o espaço, e recomendo, é encantador o universo, a riqueza cultural do Frevo na nossa terra.


Domingo 18h

Hora de voltar aos seus respectivos lares, mas sei que vocês irão voltar, pois a viagem foi curta, 48h, vocês só conheceram um pequena parte dessa terra que eu tanto amo.

Até mais!

O texto de hoje foi uma contribuição de Alan Farias, diretamente de Pernambuco.

Quer escrever para a 48h também? Mande um email para a gente (economistinha@gmail.com) e promova a sua cidade!

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