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PIB da China passará os EUA em 2017 – Brasil será quarto até 2050

Em estudo divulgado recentemente, a consultoria PriceWaterhouseCoopers aponta diversos prognósticos para a economia de diversos países do globo – inclusive a brasileira.

Segundo tal estudo, os habitantes de países tem motivos para comemorar. A soma dos PIBs das sete grandes economias emergentes (conhecida como E7: Brasil, China, Índia, Rússia, Indonésia, Turquia e México) superará a do G7 (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) ainda antes de 2020.

A China deverá continuar crescendo muito mais rapidamente que os EUA, e com isso seu PIB em paridade de poder de compra ultrapassaria o da superpotência ocidental até 2017. Em termos cambiais, isso aconteceria em 2027. Isso não quer dizer que a qualidade de vida dos orientais ultrapassará a do Tio Sam: com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, o PIB per capita chinês continuará muito inferior ao americano – apesar da diferença cair continuamente.

O Brasil deve ultrapassar a Alemanha até 2030, tornando-se o sexto país mais rico do mundo (em paridade de poder de compra). Em 2050, o Brasil teria o quarto maior PIB do planeta, após ultrapassar Rússia e Japão, ficando atrás apenas de Índia, EUA e China. Na expectativa da consultoria, a economia brasileira deve crescer em média aproximadamente 4% ao ano até lá – estimativa bastante otimista, se observarmos o crescimento pífio de 2012 (provavelmente perto de 1%) e a infraestrutura débil de nosso país.

Naquele ano, o PIB chinês deverá ser quase 50% superior ao americano – enquanto o indiano se aproximará rapidamente dos Estados Unidos, ameaçando ferozmente sua segunda posição na economia global.

Ainda que tendo a maior parte de seu território (e suas riquezas naturais) na Ásia, a Rússia deve se tornar o país mais rico da Europa – ultrapassando a Alemanha – até 2020. México, Nigéria e Indonésia são outros países que podem surpreender e ingressar o top 10 até o meio do século.

O estudo pode ser acessado na íntegra através deste link. Você acha que essas previsões são realistas?

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BRICS: O desafio de ser mais que uma sigla

Em 2001, o banco Goldman Sachs não tinha ideia da revolução que seu relatório aos investidores causaria. Para simplificar, cunhou a sigla BRICs para apontar economias sobre as quais valia a pena manter a atenção. Brasil, Rússia, Índia e China eram quatro grandes economias, com populações maiúsculas e com dinamismo e força únicos no cenário global.

Onze anos depois, depois da adoção da África do Sul (apoderando-se do “S”), a sigla se tornou uma organização formal, com reuniões periódicas, logo próprio e statements conjuntos. Mais do que nunca, durante e após a cúpula do fim de março, os BRICS conquistaram um espaço gigantesco na mídia internacional. A demonstração de interesse de se fundar um banco de investimento conjunto do grupo, de realizar negociações comerciais e financeiras entre os países nas moedas locais e a postura firme quanto à atual política monetária expansionista de países desenvolvidos mostram grande evolução nesta última década de um grupo que tinha tudo para dar errado.

Some-se a isto um projeto real e já aprovado, da construção do terceiro maior cabo submarino de telecomunicações do planeta, unindo Vladivostok a Miami, passando por Shantou, Cidade do Cabo e Fortaleza. Isto faria com que comunicações entre estes países não precise passar pela Europa, evitando pagamento pelo uso de cabos de outrem e possíveis “grampos”.

Fica clara a disposição de maior interação entre os membros da cúpula. A China já é o maior parceiro comercial do Brasil, e estas conversas podem facilitar negociações e abrir portas para o diálogo de empresários brasileiros com estrangeiros. Quase 20% da economia e 50% da população global se manifestando juntas têm um peso muito expressivo, e o alinhamento dos BRICS pode, de fato, ser muito favorável a seus membros.

Mas não podemos nos iludir. Veja que falei em interação, não em integração. Estes países são EXTREMAMENTE diferentes, em diversos pontos. Estruturas políticas, sociais e econômicas completamente díspares impedem uma integração mais profunda, e em qualquer ponto delicado seus governos devem priorizar suas posturas individuais. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer que iniciativas como o comércio em moedas locais e a criação de um banco regional de desenvolvimento já foi assuntado no Mercosul e, mesmo com muito mais pontos em comum, não saiu do papel. Falar é fácil, mas colocar em prática…

Pessoalmente, não sou nem otimista a ponto de achar que os BRICS terão uma união tão próxima quanto à europeia, nem tão distante como a africana, os as tentativas furadas de uma integração americana (não é a toa que ALCA e ALBA ficaram para a história como os projetos que não deram certo).

Acredito sinceramente que os BRICS podem estar redefinindo a forma que as nações interagem no plano internacional. Após o período de grupos e a década de acordos bilaterais, relações multilaterais mais profundas, porém extremamente específicas, podem ser uma nova tendência global, que caracterizem a década de 2010.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul possuem divergências crônicas (e até mesmo imutáveis), mas convergem em um ponto crucial: estes países querem mais VOZ no plano internacional. Eles querem ser atores protagonistas nos rumos que a economia global tomará, e a pressão sobre instituições multilaterais como a ONU, o FMI e o Banco Mundial são prova disto. Juntos, estes cinco países exercem uma pressão que estadunidenses e europeus jamais esperavam receber de países mais pobres.

O equilíbrio de poderes está mudando, e os BRICS podem estar no centro desta nova dinâmica global.

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