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Dica de site: Pq?

Descobrimos um site maravilhoso e queremos compartilhar com vocês, leitores do Economistinha. O Porque.

O objetivo do Porque é desmistificar a economia. Para isso, eles contam com a colaboração de dois grandes economistas, meus queridos ex-professores Carlos Eduardo Gonçalves e Mauro Rodrigues, além de Irineu Evangelista de Carvalho e grande equipe.

O Porque é muito bem feito, com design atraente e vídeos engajantes. Vale a pena conhecer.

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Antes do Economistinha nascer, sonhávamos em usar o site para simplificar conceitos de Economia para aqueles que não estudaram Ciências Econômicas. Entre nossos primeiros textos, falamos sobre a relação de atividade econômica, inflação e juros, sobre oligopólios e outros conceitos econômicos.

Ao longo do tempo, mudamos nosso foco. Hoje, O Economistinha é uma revista variada, com colunas opinativas de economia e política, matérias especiais sobre negócios, direitos humanos e atualidades e a mais nova coluna de turismo, a 48h.

Não vou mentir: não é fácil simplificar conceitos econômicos. Estou feliz em ver economistas que respeito e, admito, são mais competentes que eu, assumindo essa tarefa.

Visite o Porque neste link.

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Supermercado alemão revoluciona ao eliminar as embalagens

Um novo supermercado em Berlim promete revolucionar as compras ao reduzir drasticamente a quantidade de lixo gerada.

A Original Unverpackt é uma loja-conceito que foi fundada por Sara Wolf e Milena Glimbovski, que juntaram recursos através de crowdfunding para abrir a primeira unidade de supermercados que utilizam embalagem reutilizáveis.

No facebook oficial da iniciativa, pode-se ter mais informações.

Confira o vídeo abaixo (em alemão), em que a ideia fica mais clara (mesmo se você não falar alemão!):

(vi no Business Insider)

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Lições que o Brasil deve aprender com o Canadá

Recentemente, morei no Canadá por três meses, percorrendo cidades nas quatro mais famosas províncias do país (British Columbia, no extremo oeste, Alberta, Ontario (onde fica a capital, Ottawa, e a maior cidade do país, Toronto, e Quebec, a província francófona).

Arco-Íris se forma atrás das montanhas em Banff, Alberta

Ao contrário do que muitos pensam (inclusive eu, anteriormente), o Canadá possui grandes diferenças em relação aos Estados Unidos. Os dois países compartilham a maior fronteira do planeta e laços econômicos históricos e extremamente profundos, mas possuem identidades bastante distintas.

Ao mesmo tempo, Canadá e Brasil possuem semelhanças em diversos aspectos. Ambos são países de dimensões continentais, com grandes distâncias entre seus principais pólos, ainda que o Brasil tenha vantagens. Devido aos invernos gelados que atingem todo o país, 90% da população vive a menos 160km (100 milhas) da fronteira com os EUA, de leste a oeste do país. Vancouver fica a quase 3700km de Montreal e a 3360km de Toronto. Para os negócios, um país com grande diversidade de fusos horários pode significar dificuldades, e neste aspecto o Brasil está em uma situação favorável, visto que boa parte da nossa população vive no mesmo fuso horário.

Brasil e Canadá possuem grandes semelhanças também no aspecto étnico e social. Os dois países receberam uma grande quantidade de imigrantes, criando uma diversidade de etnias única. De acordo com o embaixador Afonso Cardoso, do Consulado Geral do Brasil em Toronto, enquanto o Brasil já encontrou uma identidade própria, o Canadá ainda é formado pela multiplicidade, pela pluralidade de culturas e etnias que formam seu povo. Mais da metade da população de Toronto é estrangeira, e pelo menos 43% fazem parte de minorias.

Pride Toronto, um evento com duração de aproximadamente 10 dias que mobiliza toda a cidade em prol da defesa dos direitos LGBT

O respeito à diversidade é uma das principais forças do Canadá, aspecto que o diferencia de outros países com intensa imigração. Assim como o Brasil (através do programa Mais Médicos), o Canadá tem investido na atração de profissionais qualificados. Com uma população de apenas 34 milhões de pessoas, o Canadá entende a importância de buscar em outros mercados profissioanis capazes de gerar riqueza para o país.

Além disso, o Canadá é extremamente preocupado com a formação das próximas gerações, e a educação é uma prioridade:

Cerca de 5 milhões de crianças canadenses receberam educação gratuita durante o ano letivo de 1990-91. Em algumas províncias, as crianças podem entrar no maternal aos quatro anos, antes de começar a escola primária, que é aos seis anos. Geral e fundamental, o currículo da escola primária enfatiza os conhecimentos básicos de língua, matemática, estudos sociais e introdução às artes e ciências.

Algumas províncias oferecem às crianças super-dotadas programas de ensino mais acelerados e enriquecidos. Crianças com um aprendizado mais lento, ou até mesmo limitado, podem ser colocadas em programas, aulas e instituições especializadas. Cada vez mais, entretanto, as crianças limitadas estão sendo integradas ao sistema normal.

Em geral, a escola secundária consiste de duas correntes de ensino. A primeira prepara o aluno para a universidade, a segunda prepara-o para a educação pós-secundária, em colégios comunitários ou instituições de tecnologia, ou ainda para o mercado de trabalho. Há também programas especiais destinados a alunos incapazes de completar os programas regulares.

Na maioria das províncias, as próprias escolas agora estabelecem, conduzem e avaliam os seus exames. Em algumas províncias, entretanto, o estudante precisa passar por uma avaliação de graduação em certas matérias principais a fim de terem acesso ao nível pós-secundário. Assim, a entrada na universidade depende da escolha do curso e das médias escolares – as exigências variam de uma província para outra.

Mas priorizar não significa gastar mais. Em recente post em seu blog, Mansueto Almeida mostra que o Brasil já gasta mais que a média dos países da OECD. Gastar melhor é a resposta:

De acordo com uma consulta que fez Gustavo Ioschpe ao INEP (clique aqui), no Brasil, haviam 5 milhões de trabalhadores na educação em 2010, sendo 2 milhões de professores e 3 milhões de não professores. Ou seja, para cada professor havia 1,5 funcionário. Na OCDE, a relação entre funcionários e professores em seus países-membros é de 0,43. Se nossa relação aqui fosse a mesma de lá, segundo Ioschpe:

“Se o Brasil tivesse a mesma relação professor/funcionário dos países desenvolvidos, haveria 706.000 funcionários públicos no setor, em vez dos 2,4 milhões que temos. Como é difícil imaginar que precisemos de mais funcionários que as bem-sucedidas escolas dos países desenvolvidos, isso faz com que tenhamos 1,7 milhão de pessoas excedentes no sistema educacional”.

O Canadá possui 4 universidades entre as 100 melhores do mundo, e as demais instituições de ensino estão em níveis igualmente elevados. Os investimentos na internacionalização dessas instituições e a dedicação total aos alunos faz com que o ensino canadense seja diferenciado. Acadêmicos são incentivados a realizar pesquisa e inovação, e parcerias com o mercado privado para o desenvolvimento de conhecimento aplicável ao mercado são frequentes.

Assim como o Brasil, o Canadá é rico em recursos naturais. Florestas, agricultura e petróleo são alguns pontos que aproximam os dois países. Para extrair os petróleo não-convencional de suas reservas, o Canadá investiu consideravelmente em tecnologia, e hoje é uma referência global quando se fala em petróleo arenoso ou gás do xisto.

Em 2010, Vancouver recebeu os jogos olímpicos de inverno, e o parque de Whistler é um exemplo a ser seguido pelo Brasil. Mesmo no verão, a região recebe milhares de turistas, atraídos pela infraestrutura e possibilidades de lazer.

Vancouver envolveu suas crianças e promove o desenvolvimento do esporte através da associação 2010 Legacies Now, que trabalha com mais de 2000 organizações para promover o ensino e treinamentos para seus jovens. Os investimentos feitos na cidade, como uma nova infraestrutura de transporte, transformam a vida dos moradores da cidade.

Falando em transporte, o Canadá entendeu que transporte rodoviário é inviável quando se tem dimensões continentais, e investiu em um mix de rodovias, hidrovias, ferrovias e aeroportos modernos para servir às necessidades de sua população e empresas.

Trilhos do trem que liga Toronto a Ottawa e Montreal

O Canadá também é referência quando se fala em negócios. O país foi recentemente eleito entre os cinco melhores do G20 para empreendedores. Incubadoras, fácil acesso a financiamento, vibrante ambiente de negócios e baixos custos para a abertura de uma empresa e com trabalhadores são apenas alguns dos fatores que fazem do Canadá um lugar em que é mais fácil abrir um negócio.

Priorizar os investimentos é outro aspecto fundamental. O Brasil comumente realiza programas voltados à integração nacional, o que é louvável, mas impraticável em estágios iniciais do nosso desenvolvimento. Levar internet de alta velocidade a regiões distantes é interessante, mas garantir rapidez no acesso à internet nos principais centros econômicos deveria ser prioritário. Este é apenas um exemplo, de tantos que poderiam ser enumerados. Associações como a público-privada Greater Toronto Marketing Alliance promovem o desenvolvimento regional e negociam diretamente com governo e empresas para atingir seus objetivos, além de atrair recursos internacionais. Instituições como o SEBRAE já são referências na cooperação entre diferentes players no mercado brasileiro, mas ainda há muito a ser feito.

Essas são apenas algumas das coisas que notei nestes 90 dias em terras canadenses, mas há muito mais em que se espelhar para acelerar o desenvolvimento brasileiro. Já passou da hora do governo aprender a ajudar o país, e não impedi-lo de crescer.

*As imagens que ilustram este post são todas do meu Instagram. Você já me segue?

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Crescimento econômico brasileiro continuará baixo por um longo tempo, diz economista

Os sinais de que a economia brasileira está em processo de desaceleração estão cada vez mais claros. O investimento (público e privado) caiu e não se recupera; o saldo da balança comercial está persistentemente negativo, e nossos bens exportados têm baixo valor agregado.  E segundo o chairman do Goldman Sachs do Brasil, o economista Paulo Leme, o crescimento continuará baixo por um longo tempo.

Veja abaixo trechos da entrevista que ele concedeu à Folha. Para a entrevista completa, acesse este link.

Folha – Qual sua expectativa para a economia brasileira?
Paulo Leme – Acho que o crescimento deve estar muito próximo a 2%. E, infelizmente, em razão de baixos investimentos e da queda na produtividade, o crescimento sustentável de longo prazo está próximo a 3%, provavelmente abaixo disso, o que é bem menos do que eu esperava há um ano.

O que é longo prazo?
De 3 a 10 anos. A economia mundial tem demorado mais a se recuperar, e a perspectiva de preço de commodities não é favorável.

Internamente, houve uma mudança na política econômica com a adoção de um modelo centrado na expansão da demanda doméstica.
Mas a oferta não está se expandindo. Então, esse aumento do consumo tem levado a um excesso de demanda por bens importados, o que provoca um aumento do deficit em conta-corrente e da inflação.

Qual a contribuição da política fiscal para a inflação?
A política fiscal está muito expansionista, o que aumenta a inflação e contribui para o deficit em conta-corrente. Em vez de gastar com hospitais, escolas, transporte público, o governo está gastando em salários, aposentadorias.

Esse modelo está levando a uma despoupança doméstica, que está sendo financiada por investidores estrangeiros.

Se você toma empréstimos no exterior ou atrai investimento direto estrangeiro e, com isso, investe em indústrias ou atividades que geram receitas em dólares no futuro, o pagamento dos juros dessa dívida está garantido.

No nosso caso, não, os empréstimos foram queimados com turismo da Disneylândia, malas cheias de bens vindas de Nova York ou Miami. Essa conta vai chegar.

E o que acontecerá?
Quando tivermos que pagar esse serviço da dívida, não teremos a receita dos investimentos porque ela foi consumida. Você vai ter que desacelerar a economia, reduzir o consumo e os salários reais, que são fonte da inflação, e isso ocorre através do aumento do desemprego.
Por último, você tem que desvalorizar o real, tornar a economia mais competitiva. Creio que, em 12 meses, o câmbio estará perto de R$ 2,50 e, em dois anos, de R$ 2,75.

Ainda não estamos no ajuste?
Temos o início de um ajuste, mas é pior porque não vai ser completo. Os problemas de falta de crescimento são estruturais, queda de produtividade, perda da competitividade, falta de investimentos. Sem resolver esses problemas, quanto mais você estimula, é como um carro com o afogador quebrado.

O que deverá ocorrer com o crescimento após as eleições?
Para reduzir a inflação e fechar o deficit externo, a economia crescerá pouco, quase estagnada, sem recessão, mas com o desemprego subindo acima de 6%.

Depende do cenário no exterior, e você fica muito vulnerável a grandes guinadas externas. Já tivemos um ensaio em junho, quando houve uma rapidez na saída de capitais do Brasil. O câmbio se desvalorizou rapidamente.

Quando de fato o Fed (banco central americano) resolver subir a taxa de juros, o mercado já terá antecipado isso, o que poderá levar a uma queda dos investimentos ou da capacidade das empresas brasileiras, que estão endividadas em dólar, de rolar sua dívida externa.

A economia pode interferir na perspectiva de reeleição da presidente Dilma Rousseff?

Se a gente relacionar as manifestações populares ao baixo crescimento, mas especialmente à falta de correspondência entre a carga tributária e os serviços públicos, isso já mudou a perspectiva eleitoral, em que parecia altamente provável a reeleição da presidente para um cenário que pode ser o de uma eleição bastante competitiva.

Qualquer que seja o próximo governo terá um primeiro ano difícil?
Sim, pode ser um pequeno desafio ou pode ser problemático. Acho que não teremos nenhum problema na escala como tivemos, por exemplo, em 1999, em 2002 para 2003, simplesmente porque as condições iniciais hoje são muito mais favoráveis do que foram nesses momentos. Você tem muito mais reservas internacionais, você não tem dívida fiscal dolarizada. Agora, tudo depende da reação desse governo e do seu sucessor.

O cenário não é catastrófico, nem mesmo tão grave quanto o que vimos em 1999 ou em 2002.

Mas é fundamental que o governo (este ou o próximo) faça reformas importantes na estrutura do Brasil, não apenas maquilando os problemas para conter as manifestações. Só para não esquecer: Dilma, demite o Mantega.

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Vinte centavos que fizeram o Brasil acordar

Seria irresponsabilidade minha deixar passar um tópico tão relevante no cenário social e político brasileiro atual.

Sim, porque o levante contra a administração pública vai muito além dos vinte centavos de incremento na tarifa do transporte público na maior cidade do país. Isso é natural quando se tem inflação em patamares persistente e consideravelmente altos, somados aos ganhos salariais dos profissionais do setor. Ele até foi postergado a pedido do governo central para evitar um pico de inflação no início de ano. Não lembra?

O povo brasileiro acordou. Não acredite na mídia mainstream, ignore os episódios de violência (o quanto puder) e analise com frieza:

O brasileiro trabalha 150 dias por ano para pagar impostos. É isso mesmo: quase cinco meses APENAS para doar para o governo. Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário aponta que, em 2013, o contribuinte brasileiro destinará 41,08% do seu rendimento bruto para pagar tributos sobre os rendimentos, consumo e patrimônio, entre outros. No ano que passou, a arrecadação tributária total chegou a R$ 1,59 trilhão, equivalente a mais de 36% do PIB nacional.

E o que ganha em troca?

– Ensino público fundamental e médio entre os piores do mundo. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, o Brasil está na 116a posição (em um ranking com 144 países) em educação. Em matemática e ciências, estamos atrás até mesmo da Etiópia, onde os índices de miséria são assombrosamente superiores aos brasileiros.

– Saúde pública ineficiente em diversas regiões do país. Não há leitos suficientes em diversas cidades, e pacientes são tratados como lixo.

– Falta de segurança/elevados índices de violência; das 50 cidades mais violentas do mundo, 16 estão no Brasil.

– Transporte público insuficiente e de péssima qualidade. Trânsito entre os piores do planeta.

E muito, muito mais estatísticas negativas.

Segundo estudo do UBS, as passagens de ônibus de São Paulo e Rio de Janeiro (cidades em que os protestos contra os aumentos têm sido mais intensos) ainda estão longe do topo da lista. Então se você acha que essa discussão é sobre R$0,20, repense.

A inflação ainda está na memória de muitos brasileiros, e o governo demorou para perceber que o seu sonho de uma noite de verão regado a bolsa família e incremento do consumo via crédito acabou faz tempo. Se o governo não agir rapidamente para consertar as bases da economia brasileira, sofrerá as consequências nas urnas em 2014.

Esqueça a discussão vândalos vs. policiais. Vamos discutir o Brasil do qual queremos nos orgulhar.

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