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Neymarando por aí

Brasileiros e brasileiras,

No momento em que vos escrevo estas mal traçadas linhas [sempre quis dizer isso] nosso patriota Neymar [insira sobrenome] vai fazer bonito em terras barcelonesas. Neymar sai do Brasil e entra pra história [do futebol europeu]…

Neymar chegando em terras barcelonesas.

Enquanto prossegue numa região determinada do cérebro o discurso tão patriótico e retumbante ficam cá outros meus miolos distraídos por outras questões correlatas. A questão principal e mais atentiva é: porque o Brasil se orgulha tanto do futebol? E vejam que eu não retiro do meio do Brasil aqueles indivíduos que nem Feliciano nem outro qualquer representa em questões desportivo-futebolíticas. Eu, por meus méritos próprios, não entendo, não gosto e não tenho paciência pra assistir futebol. Mas nem na Copa?! Nem na Copa, leitor curioso. No entanto, acho intrigante a relação que os brasileiros têm com o tal do jogo.

Cá pra nós durante muito tempo a única arma com que nós brasileiros poderíamos sambar na cara do mundo todo era justamente: o futebol. Então é normal que o tal do esporte gere essas paixões impetuosas que gera na nossa nação deitada em berço esplêndido. O que o futebol e o nosso desportivo pica-pau fazem é aquela justa revanche contra a metrópole que nos colonizou, fez promessas, disse que nos amava e depois nem ligou no dia seguinte. E é fantástico que nosso complexo de vira-lata seja exorcizado justamente por um esporte que é a vida, paixão e morte de uma parcela da população gigantesca da população. E muitas vezes perpetrada por pessoas que vêm da camada mais oprimida dessa mesma população. É uma vingança safada que nós nos damos.

Eu, cá por mim, sambaria por outros motivos, sabe? Porque existem.

Lá vem. Já vi o leitor aí com um sorriso de canto de boca pensando na nossa natureza deslumbrante, nas nossas morenas sestrosas, no mulato inzoneiro, no nosso Brasil Brasileiro. Não, leitor quase arguto, não é aí que a porca torce o rabo. Nem só de gente bonita, lugares inigualáveis, e bons sambistas viverá o Brasil. Eu posso fazer uma lista de coisas a serem orgulhadas por todos nós, porém… vou fazer.

Sinta-se orgulhoso de que o Grupo Galpão lá das Minas Gerais tenha conseguido apresentar um Romeu e Julieta lindamente mineiro no tradicionalíssimo teatro Globe de Londres, berço reconstruído do próprio Shakespeare. Saia por aí esnobando meio mundo pela maravilha literária que é Machado de Assis, desbunde tal reconhecido até pelo genial Woody Allen. Empine o nariz ao lembrar-se do fantástico Carlos Gomes, que segundo Giuseppe Verdi seria seu real continuador. Dê aquela sambada gostosa na cara dos não-patrícios ao falar Osvaldo Cruz, cientista internacionalmente reconhecido. Bata no peito…

[mas vejam só aqui no reservado desse parêntese o que eu fiz, meu deus, o que eu fiz! falando do complexo de inferioridade brasileiro, acabei por fazer uma lista e propaganda do mesmo complexo de inferioridade. Afinal, todas as qualidades que eu relatei só são ratificadas devido à sanção de algum estrangeiro]

Que vergonha, Danilo. Mas eu tenho minhas escusas. Não é assim com tudo? A gente não espera sempre que algum estrangeiro diga o quanto somos bons para, como filhos ganhando elogios dos pais, ficarmos todos pimpões com aquilo que fazemos? Até o nosso futebol arte, futebol amor, futebol nhom-coisa-mais-fofa-do-pai só é motivo de extremo orgulho quando se torna futebol-modelo-de-exportação. Pois, brasileiro sou, brasileiro agi.

Queria terminar esse texto com uma nota indignada mas não tenho nota indignada. Fico pensando nos Estados Unidos com aquele pica-pau deles lá, nas velhas cores da bandeira pintado, que por mais que se meta em encrencas e aja de má fé sempre se dá bem. Nós por cá temos o nosso pica-pau que lá se vai pra Barcelona nos ajudar a superar o complexo de vira-latas. Enquanto isso ficamos os outros, que não somos bons de bola, nem reconhecidos nacional ou internacionalmente como aqueles cachorro que canta o Chaves [o do barril, não o santo bolivariano] aquele cão que lá vai arrependido, com suas orelhas tão fartas, seu osso roído, e seu rabo entre as patas [repetir 44 vezes].

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Brasil é insuperável na preparação para a copa, diz Dilma

Internem a presidenta. Sério, ou a Dilma tá louca, ou é extremamente fanfarrona.

Hoje a excelentíssima senhora Dilma Rousseff passou de todos os limites possíveis e imagináveis. Ao inaugurar a nova Arena Fonte Nova, em Salvador, ela afirmou que o Brasil tem sido insuperável na preparação para a Copa. Do Terra:

“Nós estamos superando as expectativas. De fato nós somos um país conhecido como sendo insuperável ali naquele campo, mas estamos mostrando que somos também um país insuperável fora de campo, nós somos capazes”, disse Dilma em discurso na inauguração do estádio, que receberá a primeira partida no domingo, o clássico Bahia x Vitória.

“Nós somos capazes de mostrar que o Brasil dará uma imensa qualidade à Copa das Confederações, à Copa do Mundo e às Olimpíadas nas disputas futebolísticas. Não é qualquer país que tem essa qualidade e essa beleza nos seus estádios”, acrescentou a presidente, que deu o pontapé inicial da arena, descalça, no centro do gramado. (…)

Apenas Fortaleza e Belo Horizonte cumpriram o cronograma original que previa a entrega das arenas até dezembro. Devido aos atrasos nas obras, a Fifa estendeu o prazo da entrega até abril para Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Brasília.

Pernambuco vai inaugurar seu estádio em 14 de abril, e Brasília, no dia 21. O último a ficar pronto será o Maracanã, no Rio de Janeiro, palco da final do torneio, com um evento-teste previsto para 27 de abril.

O ritmo dos trabalhos nos estádios e os atrasos para a Copa das Confederações fizeram a Fifa reforçar a data de dezembro deste ano para a entrega das 12 arenas da Copa do Mundo de 2014.

Além dos atrasos nos estádios, que inicialmente eram tratados pela Fifa com a certeza de que estariam prontos a tempo, praticamente todas as obras de mobilidade urbana e reformas de aeroportos estão atrasadas. A maioria das obras não ficará pronta a tempo para a Copa das Confederações, e a previsão de conclusão é apenas às portas do Mundial.

Desculpa, dona Dilma, mas você deve estar de brincadeira com toda a população brasileira.

Estádios atrasados e superfaturados. Infraestrutura urbana pífia. Elefantes brancos. Legado? Que é isso.

O Brasil é insuperável, sim, na preparação da Copa. Nunca na história deste planeta um país organizou PIOR um evento. O Brasil deveria se espelhar na França, na Alemanha e no Japão, que fizeram bonito na organização de jogos deste tipo.

Dos jogos panamericanos de 2007, o mais importante legado tinha sido o Engenhão, que recentemente foi fechado por problemas estruturais que poderiam ter causado uma tragédia. Agora, os responsáveis se esquivam.

Infelizmente, vemos histórias assim com frequência no Brasil. A lógica se inverte, e se escolhe o fornecedor mais caro com o pior serviço. Até quando?

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