Ao longo dos tempos, algumas doenças assombraram a humanidade e foram superadas após grandes esforços da medicina. De todas, a peste negra é a mais marcante, dizimando entre 25 e 75 milhões de pessoas na idade média. Alguns países tiveram de um terço à metade de sua população reduzida pela doença.
Nas últimas décadas, a AIDS se tornou a grande inimiga da humanidade. Enfraquecendo o sistema imunológico, a doença torna os infectados pelo HIV muito mais vulneráveis a doenças como sífilis, tuberculose, etc.
Porém, investimentos maciços têm sido feitos para se encontrar uma vacina que proteja o ser humano do HIV.
E parte dela se faz no Brasil. A USP está em fase de testes de uma vacina anti-HIV em símios, e seus primeiros resultados devem ser anunciados no primeiro semestre de 2014. Da Folha:
Cientistas da Faculdade de Medicina da USP aplicaram ontem em quatro macacos resos do Instituto Butantan a primeira dose da vacina anti-HIV desenvolvida pelos dois centros de pesquisa. Resultados preliminares sobre o potencial de proteção do imunizante saem em abril.
Na fase inicial da pesquisa, os animais receberão três doses da vacina de DNA (uma a cada 15 dias). O material contém informação genética que deve fazer o organismo dos macacos produzir fragmentos do vírus. Espera-se que esses pedaços do HIV sejam capazes de preparar o sistema imune dos hospedeiros para combater infecções.
Na segunda fase do teste, prevista para março, os animais –que têm de dois a sete anos de idade– receberão um vírus de gripe modificado com pedaços do HIV, que tem a intenção de dar um impulso final na imunização.
Depois dessa etapa, se tudo der certo, um segundo teste será feito com outros 28 macacos, num regime diferente de aplicação da vacina.
Os animais não serão injetados com HIV. Para saber se seu organismo produz as células e moléculas necessárias à imunização, pesquisadores vão retirar amostras de sangue dos macacos. No laboratório, o material será exposto a fragmentos do vírus que devem ativar seu sistema imune contra o parasita.
Não é possível submeter os animais vacinados a um desafio direto contra o HIV, porque ele não infecta macacos naturalmente. O grupo já produziu uma versão da vacina contra a variedade símia do vírus –o SIV–, mas o biotério do Instituto Butantan, a céu aberto, não possui o nível de segurança necessário para manipular vírus ativos.
Se algum laboratório de alta segurança se interessar, a USP diz que está disposta a fazer um estudo em colaboração. “Para nós, por enquanto, vai ser suficiente saber que a vacina induz uma resposta potente nos macacos resos”, diz Cunha Neto. “Antes disso, porém, nós já poderíamos fazer testes de segurança em humanos.”
Com fortes investimentos, parece que estamos cada vez mais próximos de ver a solução para este mal. Atualmente, 34 milhões de pessoas vivem com o HIV. Em alguns países da África Subsaariana, mais de 20% da população adulta estão contaminadas com o vírus.