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O turismo de compras para Buenos Aires ainda vale a pena?

A Argentina é um dos destinos internacionais favoritos dos turistas brasileiros. E os comerciantes e especialistas de lá sabem disto. O turismo é uma máquina de fazer dinheiro no país atualmente. Soma-se a isto a crise política, social e econômica que nossos hermanos enfrentam e o resultado é claro: os preços das atividades turísticas sobem.

Do UOL Economia:

“Vai para a Argentina. Vale a pena, tudo é mais barato. O real vale mais que o dobro do peso”. Certo? Mais ou menos. A indicação que muitos viajantes já deram para amigos e conhecidos fazia mais sentido há alguns anos, quando a inflação argentina não avançava tanto sobre os preços locais.

Segundo o governo, o índice anual em 2011 foi de 9,5%, mas os dados oficiais são constantemente questionados pela população e pela oposição. Ano passado, de acordo com pesquisas de consultorias divulgadas por parlamentares opositores, a inflação ficou em 22,8%.

Por isso, mesmo com R$ 1 valendo 2,3 pesos, de que adianta provar um dos sorvetes mais famosos do país, na rede Freddo, pagando 19 pesos (R$ 8,25) por um copinho? Ou ir a um show de tango acompanhado de um jantar (programa muito procurado por turistas na cidade) ao custo de 600 pesos (R$ 260,50)?

Entre janeiro e setembro deste ano, o preço de uma caixa de alfajores Havanna, com 12 unidades, subiu quase 20%, indo de R$ 25,2 para R$ 30. Um show de tango com jantar em San Telmo (no El Viejo Almacen) também ficou 20% mais caro, passando de R$ 216,50 para R$ 260,50 por pessoa.

No bairro de Villa Crespo, em uma das lojas da Calle Murillo, onde estão concentrados os estabelecimentos supostamente mais em conta para a compra de roupas, calçados e acessórios de couro, uma jaqueta básica masculina ou feminina que custava 780 pesos (R$ 338,90) no início do ano hoje vale 1.080 pesos (R$ 469,25), alta de 38,46%.

Uma caneca da personagem de quadrinhos Mafalda, vendida na Calle Florida, teve um salto de quase 50% e passou de R$ 6,50  para R$ 9,50.

Muitos preços já não parecem tão diferentes daqueles encontrados em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o custo da diversão também não é baixo. Andar de táxi é outro item que já não vale mais tanto a pena como há algum tempo.

Em janeiro deste ano, a bandeirada diurna de 7,30 pesos (R$ 3,17) era convidativa para quem se cansava de andar pelas quadras de Buenos Aires. Mas em julho houve um aumento de 12%, que elevou a tarifa para 8,20 pesos (R$ 3,56), e em outubro haverá um novo reajuste de 12%, para 9,10 pesos (R$ 3,95), quase o mesmo que os R$ 4,10 da bandeirada na capital paulista, mas ainda abaixo dos R$ 4,70 cobrados no Rio.

Portanto, pense duas vezes antes de viajar à capital argentina atrás de grandes ofertas. E programe-se para gastos eventuais.

 

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Real é a moeda mais desvalorizada em 2012. Entenda o porquê.

Em 2012 a crise europeia se espalhou de vez pelo resto do mundo. Altos e baixos na economia mundial já estavam latentes desde a saída da crise de 2007-9, mas fica cada vez mais claro que esta pode ser a década da grande estagnação mundial. Com o aumento da percepção de risco, é natural que os investidores procurem “portos seguros”, e tendem a fugir dos países considerados mais arriscados. Desta vez, porém, ninguém sabe exatamente que país representa a segurança necessária, e as moedas tem se deslocado de maneira descolada. Vejam abaixo, conforme publicado na Exame:

“O real é a moeda que mais perdeu frente ao dólar em 2012. E disparado. Enquanto muitas das moedas emergentes perderam fôlego frente à moeda norte-americana por conta da aversão ao risco global, o real segue se depreciando na marcha forçada do governo rumo à blindagem falha da economia”, explica o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito.

De acordo com os cálculos do economista, o real acumula, no ano, uma desvalorização de 8,08% em relação ao dólar. É um resultado bastante diferente do México, outro país emergente, cujo peso se apreciou 5,93% na comparação com a moeda americana. Para Perfeito, o governo pode ter ido longe demais nas medidas para desvalorizar o real com o objetivo de ajudar a indústria do país.

Eu tendo a discordar parcialmente do economista da Gradual. É claro que as ações do governo no sentido de desvalorizar a moeda tiveram importância (especialmente através da introdução de diversas taxas sobre investimentos externos). Mas na minha opinião, este não foi o principal motivo da moeda brasileira ser, entre as selecionadas, a que mais se desvalorizou.

Perfeito não pôs no gráfico, mas o peso argentino se desvalorizou 6,7% neste ano, menos que o real. Não há como discordar que as medidas de Cristina Kirchner para controlar o câmbio e as reservas foram muito mais contundentes que as de Mantega e Dilma: restrições à compra de moedas estrangeiras, obrigação de prestação de contas por operadoras de cartões de crédito, etc. Ainda assim, o peso se desvalorizou menos. Por quê?

Porque o real tinha sido, antes do agravamento da percepção da crise, uma das moedas que mais tinha se VALORIZADO. O Brasil estava na moda. Os jogos olímpicos de 2016 e a copa do mundo da FIFA de 2014 apresentavam uma perspectiva de elevados investimentos no Brasil, e quem tinha disponibilidade estava ansioso por investir na terra das oportunidades contemporânea.

Brasil: a terra das oportunidades contemporânea? Parece que não.

Mal sabiam eles que o Brasil continua sendo burocrático, corrupto, difícil de operar. Para um investidor estrangeiro, o Brasil é uma selva. Não é fácil investir aqui.

Assim que a percepção de risco se elevou, BAM, eles foram embora. E o real desvalorizou.

E o que vai acontecer daqui para a frente?

Acho que a crise não vai estourar, como em 2008, apenas continuaremos neste marasmo repleto de instabilidade e volatilidade. Se isto se confirmar, é pouco provável que o real desvalorize muito mais. Quem tinha medo do Brasil já foi embora. O Brasil não está mais na moda. Mas é pouco provável uma nova valorização exacerbada, também.

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