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Quem será o próximo presidente do Brasil?

Se alguém me perguntasse há três meses quem ganhará as eleições para a presidência da república em 2014, eu seria louco se não respondesse que a reeleição da Dilma era a única aposta racional.

Rapidamente, o cenário mudou. Como em toda boa competição, um acidente no meio do caminho juntou os principais candidatos e indicou que, apesar de estarmos muito longe das urnas, a corrida está acirrada.

Ao mesmo tempo, alguns pré-candidatos correm o risco de perder fôlego. Vem comigo e vamos analisar as chances dos principais candidatos ao cargo mais importante do Brasil.

1) Dilma Rousseff

A atual presidente da república continua sendo a principal favorita. Ainda que as mais recentes pesquisas indiquem uma queda vertiginosa na sua popularidade e intenções de voto, Dilma conta com algo que nenhum de seus adversários pode contar: a máquina pública. Os gastos com publicidade do governo federal atingiram R$ 391 milhões em 2012. É um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Fora isso, os programas sociais têm forte apelo popular e influenciam diretamente o direcionamento de milhões de brasileiros, temerosos de perder seus benefícios.

Contra Dilma, os atuais protestos mancharam a imagem da presidência. A aura de boa gestão, até então surpreendentemente intocada – apesar dos diversos escândalos que resultaram na demissão de diversos ministros e do péssimo desempenho da economia – agora já não parece mais tão reluzente.

Some-se a isto a inflação persistentemente alta e a insatisfação com a corrupção e ausência de representatividade e tem-se a receita perfeita para o bolo desandar. Não é a toa que a popularidade de Dilma caiu tão rapidamente.

2) Lula

Lula tem se mantido sordidamente afastado das manifestações e do governo desde que os protestos se espalharam pelo Brasil. O ex-presidente, que de bobo não tem nada, sabe do efeito devastador que os protestos têm sobre a imagem dos líderes do momento, e tem ficado em cima do muro em boa parte das opiniões destiladas até o momento.

Não são poucas as pessoas que desejam a volta do ex-presidente ao Palácio do Planalto. E as comparações a Getúlio Vargas são inevitáveis – e “nos braços do povo“, Lula pode construir sua candidatura a mais quatro anos no poder. Oficialmente, Lula nega a intenção de voltar à presidência, declarando apoio incondicional à reeleição de Dilma. Mas se as intenções de voto de sua escolhida continuarem a cair, não duvide: o ex-metalúrgico poderá assumir as rédeas da nação novamente.

3) Marina Silva

Marina recebeu mais de 20 milhões de votos em 2010 e tenta, de todas as formas, ter seu rosto nas urnas novamente em 2014. Contra ela, a incapacidade de gerir um partido político sustentável – com o perdão da ambiguidade – pode ser determinante.

Marina pode enfrentar um teto de vidro, porém: assim como em 2010, suas intenções de voto são majoritárias entre eleitores mais instruídos e ricos: 44% das pessoas que recebem mais de 10 salários mínimos declaram suporte à sua candidatura na mais recente pesquisa feita pelo Ibope.

Outro ponto de resistência é seu posicionamento à esquerda do espectro político nacional. A resistência a um alinhamento mais de centro (à la Lula 2006) pode ser seu calvário. Mas Marina é uma mulher inteligente e deve saber se adaptar às necessidades. Seus posicionamentos religiosos, por exemplo, devem passar longe de sua plataforma política.

Temas complexos e distantes das preocupações dos mais pobres podem fazer sua rede voltar vazia nas próximas eleições. Se ela se reinventar, porém, preparem-se: podemos ter a primeira presidente negra do Brasil.

4) Aécio Neves

Neto de Tancredo, presidente eleito em 1985 (que nunca assumiu o cargo, pois sucumbiu à falência generalizada dos órgãos), é a esperança do PSDB de retornar ao poder. As suas chances, porém, são baixas.

O partido não colheu os louros das manifestações que derrubaram a popularidade de Dilma. A falta de união interna é um dos principais entraves ao sucesso da campanha de Aécio à presidência.

O distanciamento das camadas mais populares da população, reconhecido até mesmo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é outro fator que dificulta os planos do senador mineiro.

Por outro lado, o PSDB tem nome e estrutura para a corrida. A candidatura de Aécio Neves deve receber fortes injeções financeiras, e isso pode colaborar para o crescimento do tucano nas pesquisas.

5) Eduardo Campos

O governador de Pernambuco mantém aceso o sonho de chegar à presidência. A força de seu nome e a elogiável gestão em seu estado contam a seu favor. Porém, romper com o PT seria um péssimo negócio para o PSB em 2014, o que gera até mesmo divergências internas quanto à sua potencial candidatura.

Pessoalmente, acho pouco provável que Eduardo Campos prossiga com seus planos de se candidatar. Um acordo com o partido dos trabalhadores em troca de maior representatividade nacional, porém, pode mudar os rumos de Campos.

6) Outro

A chance de um nome surgir do nada e assumir a presidência em 18 meses existe, mas é baixa. Joaquim Barbosa é desejado por muitos, mas não esboça o menor interesse em largar uma sólida carreira jurídica e o 4º cargo mais importante do país pela politicagem que as eleições envolvem. A insatisfação do PMDB com o tratamento dispensado por Dilma pode fazer o maior partido do Brasil lançar candidatura própria, ainda que não exista a menor chance dos pmdbistas algum dia chegarem a um consenso. Nomes como Ciro Gomes e José Serra já estão envelhecidos e desgastados, mas sempre podem concorrer pela atenção dos eleitores.

Meu palpite: continuaremos sob uma gestão feminina. Entre Dilma e Marina, a novidade deve prevalecer no segundo turno (se Marina conseguir tecer sua REDE e decidir amainar seu discurso de esquerda em relação à gestão econômica).

E você, o que acha? Palpite nos comentários!

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O que a quase-derrota de Maduro representa para o futuro da Venezuela e suas relações com o Brasil

O caudilhismo está em baixa na América Latina. Ainda bem.

Neste domingo, 14 de abril, a Venezuela manteve no poder o vice-presidente nomeado por Hugo Chavez quando ainda estava vivo e Nicolas Maduro será o presidente do país pelos próximos seis anos.

Mas ao contrário do que se esperava, a vitória não foi fácil. Maduro foi eleito com apenas 50,66% dos votos válidos, uma diferença de menos de 200 mil votos para o segundo colocado, o oposicionista Henrique Capriles, da Mesa de Unidade Democrática.

A campanha foi árdua: e passarinhos falantes, Lula e até Maradona foram usados pelo candidato governista. No fim, o escolhido por Chavez conseguiu seu objetivo e deve manter o estilo de governo de seu antecessor. A “república bolivariana” sempre foi marcada por amplos programas sociais financiados pela receita gerada pelo petróleo. Por outro lado, a ineficiência no país é gigantesca. A inflação é consistentemente uma das mais elevadas do mundo, e 70% dos produtos industrializados consumidos internamente são importados. Por outro lado, a pobreza caiu de 29%, em 1999, para 7%. O analfabetismo também despencou, e o salário mínimo é um dos maiores da região.

A dependência externa venezuelana é boa para o Brasil. Do Ig:

A relação comercial com a Venezuela foi multiplicada por quatro e se tornou amplamente favorável ao Brasil na era Chávez. Entre 1999 e 2012, o volume negociado entre os dois países saltou de US$ 1,5 bilhão para US$ 6 bilhões, com as exportações brasileiras passando de 36%, que tornavam a balança deficitária para o País, para 84% das transações no período, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento (MDIC). Os anos do chavismo também representaram a realização de acordos milionários envolvendo empresas brasileiras – quase sempre com o apoio do BNDES – e o Estado venezuelano.

“A Venezuela se transformou num dos principais parceiros brasileiros em nível mundial, e o Brasil se tornou o terceiro maior parceiro da Venezuela, atrás apenas de Estados Unidos e China, e superando a Colômbia, que historicamente sempre teve uma grande relação comercial com o país”, diz ao iG  Luciano Wexell Severo, ex-assessor do Ministério de Indústrias Básicas e Mineração venezuelano e ex-superintendente da Câmara de Comércio Brasil Venezuela.

A cadeia da proteína, que tinha um peso pequeno em 1999, se tornou um dos principais setores das exportações brasileiras ao país: carnes desossadas de bovinos congeladas, bovinos vivos, carne congelada de galo e galinha e milho corresponderam a um quarto das vendas para a Venezuela em 2012.

“De outro lado, compramos petróleo e derivados. Apenas a Braskem comprou cerca de US$ 400 milhões em 2012 para o pólo petroquímico que possui no Rio Grande do Sul”, diz Severo.  No ano passado, ao todo, coque e naftas para petroquímica corresponderam a 60% das vendas venezuelanas ao Brasil, de acordo com dados do MDIC.

Aviões, metrô e polo graneleiro

Um dos últimos negócios expressivos entre os dois países foi o acordo entre a Embraer e a  Coviasa, para a venda de até 20 aviões à estatal venezuelana de aviação, em 2012. A primeira areonave foi entregue em setembro e, se todas as promessas de compra se confirmarem, o negócio poderá atingir US$ 904 milhões – o equivalente a 18% do total exportado pelo Brasil ao país no ano passado.

Também em 2012, a Odebrecht começou a explorar campos de petróleo no noroeste venezuelano, em parceria com a estatal petroleira PDVSA, e ampliou o contrato com o Metrô de Caracas, para a construção da linha-5.

A Camargo Corrêa, em 2010, venceu um contrato para a construção de uma represa no Rio Tuy. À época, o empreendimento era orçado em US$ 2,2 bilhões. Já a Andrade Gutierrez, em 2008, foi contratada para construir a nova siderurgia nacional e também é responsável pelo novo estaleiro da divisão naval da PDVSA.

A Petrobras, que atua na Venezuela em 2003, aguarda a entrada da PDVSA num negócio feito entre as duas empresas para a construção de uma refinaria em Pernambuco. Para isso, a estatal venezuelana precisa assumir parte do empréstimo tomado pela companhia brasileira junto ao BNDES e pagar uma parcela dos investimentos já feitos.

O que a eleição de Maduro representa?

A princípio, pouca coisa deve mudar. Maduro foi eleito com sua imagem completamente colada à de Chavez, e inclusive por isto não deve mexer na base do governo: programas sociais fortes com base nos petrodólares.

Por outro lado, o sinal amarelo foi claramente aceso: se a situação estivesse tão boa, a vitória não teria sido tão apertada. Logo de cara, Maduro não é tão carismático quanto Chavez era. Além disso, a desmantelação da indústria nacional e a elevada dependência de importações afetam gravemente a população.

Se reformas não forem promovidas, o governo dificilmente resistirá nas próximas eleições. Mas até lá, as empresas brasileiras ainda podem aproveitar a recente entrada da Venezuela no Mercosul.

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13 fracassos do governo PT – Finalmente a oposição se manifesta como oposição

Demorou – e muito – para termos uma oposição organizada no Brasil.

Enquanto a imprensa brasileira bajula a equipe econômica dos governos Lula e Dilma e a oposição se preocupava mais em discutir o sexo dos anjos que o futuro do país, eram poucas e solitárias as vozes dissonantes ao discurso oficial em território nacional.

É fato que o governo petista tem grandes acertos, como a organização e recrudescimento dos programas sociais (como o bolsa família e o Prouni). Mas as deficiências crônicas de um governo estadista e loteador de cargos comissionados sempre estiveram presentes, ainda que tenham sido pouco observadas ou comentadas até aqui.

Lá fora, a imagem do país já ruía, com a denúncia de que Mantega era um profissional do jeitinho, pelo Financial Times, ou o pedido da revista The Economist da demissão do ministro da fazenda.

Para a The Economist, se Dilma quer ser reeleita, precisa demitir Mantega

Nesta quarta-feira, dia em que o PT comemorou dez anos de poder e 33 anos de organização partidária em um evento chamado “Do povo, para o povo e pelo povo”, o senador pelo PSDB de Minas Gerais e pré-candidato à presidência da república em 2014, Aécio Neves, leu no plenário um discurso inflamado com 13 interessantes críticas ao governo Dilma Rousseff.

Como o senador Cássio Cunha Lima comentou a seguir, a oposição admite as virtudes do governo atual, mas que ele também tem errado – e muito.

Que essa seja a postura da oposição daqui em diante: organizada e com comentários construtivos para o país. Pois enquanto ninguém apontar as falhas do governo, dificilmente estas serão corrigidas.

Vejam abaixo as 13 críticas expostas por Aécio Neves:

1.    O comprometimento do nosso desenvolvimento:
Tivemos um biênio perdido, com o PIB per capita avançando minúsculo 1%. Superamos em crescimento na região apenas o Paraguai. Um quadro inimaginável há alguns anos.

2.  A paralisia do país: o PAC da propaganda e do marketing
O crítico problema da infraestrutura permanece intocado. As condições de nossas rodovias, portos e aeroportos nos empurram para as piores colocações dos rankings mundiais de competitividade. O Brasil está parado.

São raras as obras que se transformaram em realidade e extenso o rol das iniciativas só serve à propaganda petista.

3.  O  tempo perdido: A indústria sucateada
O setor industrial – que tradicionalmente costuma pagar os melhores salários e induzir a inovação na cadeia produtiva – praticamente não tem gerado empregos. Agora começa a desempregar, como mostrou o IBGE. Estamos voltando à era JK, quando éramos meros exportadores de commodities.

4. Inflação em alta: a estabilidade ameaçada
O PT nunca valorizou a estabilidade da moeda. Na oposição, combateu o Plano Real.
O resultado é que temos hoje inflação alta, persistentemente acima da meta, com baixíssimo crescimento. Quem mais perde são os mais pobres.

5.  Perda da Credibilidade: A Contabilidade criativa
A má gestão econômica obrigou o PT a malabarismos inéditos e manobras contábeis  que estão jogando por terra a credibilidade fiscal duramente conquistada pelo país.

Para fechar as contas, instaurou-se o uso promíscuo de recursos públicos, do caixa do Tesouro, de ativos do BNDES, de dividendos de estatais, de poupança do Fundo Soberano e até do FGTS dos trabalhadores.

Recorro ao insuspeito ministro Delfim Neto, próximo conselheiro da presidente  da republica que publicamente afirmou:

“Trata-se de uma sucessão de espertezas capazes de destruir o esforço de transparência que culminou na magnífica Lei de Responsabilidade Fiscal, duramente combatida pelo Partido dos Trabalhadores na sua fase de pré-entendimento da realidade nacional, mas que continua sob seu permanente ataque”.

A quebra de seriedade da política econômica produzidas por tais alquimias não tem qualquer efeito pratico, mas tem custo devastador.

6. A destruição do patrimônio nacional: a derrocada da Petrobras e o desmonte das estatais.
Em poucos anos, a Petrobras teve perda brutal no seu valor de mercado. É difícil para o nosso orgulho brasileiro saber que a Petrobras vale menos que a empresa petroleira da Colômbia.

Como o PT conseguiu destruir as finanças da maior empresa brasileira em tão pouco tempo e de forma tão nefasta? Outras empresas estatais vão pelo mesmo caminho. Escreveu recentemente o economista José Roberto Mendonça de Barros:

“Não deixa de ser curioso que o governo mais adepto do estado forte desde Geisel tenha produzido uma regulação que enfraqueceu tanto as suas companhias”.

7. O eterno país do futuro: o mito da autossuficiência e a implosão do etanol
Todos se lembram que o PT alçou a Petrobras e as descobertas do pré-sal à posição de símbolos nacionais. Anunciou em 2006, com as mãos sujas de óleo, que éramos autossuficientes na produção de petróleo e combustíveis.

Pouco tempo depois, porém, não apenas somos importadores de derivados como compramos etanol dos Estados Unidos.

8. Ausência de planejamento: O risco de apagão
No ano passado, especialistas apontavam que o governo Dilma foi salvo do racionamento de energia pelo péssimo desempenho da economia, mas o risco permanece.

Os “apaguinhos” só não são mais frequentes porque o parque termoelétrico herdado da gestão FHC está funcionando com capacidade máxima.

A correta opção da energia eólica padece com os erros de planejamento do PT: usinas prontas não operam porque não dispõem de linhas de transmissão.

9. Desmantelamento da Federação: interesses do pais subjugados a um projeto de poder
O governo adota uma prática perversa que visa fragilizar estados e municípios com o objetivo de retirar-lhes autonomia e fazê-los curvar diante do poder central.

O governo federal não assume, como deveria, o papel de coordenador das discussões vitais para a Federação como as que envolvem as dividas dos estados,  os critérios de divisão do FPE e os royalties do petróleo assistindo passivamente a crescente conflagração entre as regiões e estados brasileiros.

Assiste, também, ao trágico do Nordeste, onde faltam medidas contra seca.

10. Brasil inseguro: Insegurança pública e o flagelo das drogas
Muitos brasileiros talvez não saibam, mas apesar da propaganda oficial, 87% de tudo investido  em segurança publica no brasil vêm dos cofres municipais e estaduais e apenas 13% da União.

Os gastos são decrescentes e insuficientes: no ano passado, apenas 24% dos R$ 3 bilhões previstos no Orçamento foram investidos. E isso a despeito de, entre 2011 e 2012, a União já ter reduzido em 21% seus investimentos em segurança.

Um dos efeitos mais nefastos dessa omissão é a alarmante expansão do consumo de crack no país. E registro a corajosa posição do governador Geraldo Alckmin nessa questão.

11. Descaso na saúde, frustração na educação
O governo federal impediu, através da sua base no Congresso, que fosse fixado um patamar mínimo de investimento em saúde pela esfera federal. O descompromisso e as sucessivas manobras com investimentos anunciados e não executados na área agridem milhões de brasileiros.

Enquanto os municípios devem dispor de 15% de seus recursos em saúde, os estados 12%, o governo federal negou-se a investir 10%.

As grandes conquistas na área da saúde continuam sendo as do governo do PSDB: Saúde da Família, genéricos,  política de combate à AIDS.

Com a educação está acontecendo o mesmo. O governo herdou a universalização do ensino fundamental, mas foi incapaz de elevar o nível da qualidade em sala de aula.

Segundo denúncias da imprensa, das 6 mil novas creches  prometidas em 2010 , no final de 2012, apenas 7 haviam sido entregues.

12. O mau exemplo: o estímulo à intolerância e o autoritarismo.
Setores do PT estimulam a intolerância como instrumento de ação política.  Tratam adversário como inimigo a ser abatido. Tentam, e já tentaram por …… cercear a liberdade de imprensa.

E para tentar desqualificar as críticas, atacam e desqualificam os críticos, numa tática autoritária.
Para fugir do debate democrático, transformam em alvo os que têm a coragem de apontar seus erros.

A grande verdade é que o governo petista não dialoga com essa Casa, mantendo-o subordinado a seus interesses e conveniências, reduzindo- o a mero homologador de Medidas Provisórias.

13 – A defesa dos maus feitos:  a complacência com os desvios  éticos.

O recrudescimento do autoritarismo e da intolerância tem direta ligação com a complacência com que setores do petismo  lidam com práticas que afrontam a consciência ética do país. Os casos de corrupção se sucedem, paralisando áreas inteiras do governo.

Não falta quem chegue a defender em praça pública a prática de ilegalidades sobre a ótica de que os fins justificam os meios.

Ao transformar a ética em componente menor da ação política, o PT presta enorme desserviço ao país, em especial  às novas gerações.

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Haddad em SP, Fruet em Curitiba: o que muda no país com essa eleição?

A essa altura, todos os brasileiros já sabem os prefeitos de suas cidades a partir de 1 de janeiro (por mais quatro anos). Em Curitiba, por exemplo, após ficar em terceiro em todas as pesquisas de primeiro turno, Fruet virou o jogo e superou Ratinho Jr, do PSC, neste domingo. Em SP, um crescimento ainda mais surpreendente: o candidato petista Fernando Haddad saiu de menos de 10% para sepultar a vida política do ex-ministro José Serra.

Então, o que essa eleição representa?

De maneira geral, gostaria de destacar o crescimento dos partidos de centro-esquerda (frente os de centro-direita). Aquilo que já se havia visto no governo federal continua se estendendo nas gestões locais, e partidos como PT e, principalmente, PSB, cresceram significativamente.

Mais do que o crescimento dos partidos, cresceu uma ideia: a de que é melhor ter um Estado maior, porém mais provedor de serviços à população.

Localmente, vemos o desgaste do PSDB em São Paulo – especialmente das velhas lideranças, representadas por Serra, Alckmin e cia. Em Curitiba, isso já havia se mostrado no primeiro turno: o candidato do governador Beto Richa ficou apenas em terceiro. Mais do que isso, ganhou o candidato em quem Richa não havia acreditado há um ano, gerando a saída de Fruet do PSDB.

Dilma sai muito fortalecida desta eleição, conquistando as prefeituras de Curitiba e São Paulo. As cidades, também: com governos municipais de situação, a chance de maior destinação de recursos para investimentos oriundos de um governo extremamente gastador, mas que tem preferência pelos municípios “amigos”, aumenta.

Eu estou muito contente com a eleição de Gustavo Fruet em Curitiba: um político sério, íntegro, dedicado e atento às necessidades da cidade. Acredito que os próximos quatro anos serão ótimos para a minha cidade. Mais do que isto: estarei vigilante.

E vocês, estão satisfeitos com os prefeitos eleitos nas suas cidades?

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Como Dilma construiu e agora desconstrói sua imagem

A presidente Dilma construiu, em seu primeiro ano de mandato (e desde os tempos de ministra, sob a presidência de lula-molusco), uma imagem séria, responsável e até mesmo um pouco sisuda. Mas isto vem se desconstruindo nos últimos tempos, sob a pressão cada vez mais forte de sua base aliada – inclusive de seu antecessor. Copio abaixo um texto do jornalista Fernando Rodrigues, o qual assino em baixo. Leiam, analisem e comentem. Vocês acham que a presidente está certa em ceder às pressões?

Dilma está desconstruindo sua imagem

Marta e Crivella ministros e apoio ostensivo a Haddad na TV…

….contrastam com reputação pública criada pela presidente

Imagem e credibilidade são difíceis de construir. Dilma Rousseff foi montando sua reputação, tijolo a tijolo, desde o início do governo Lula. Ela é durona, gosta de administrar, é intransigente com a politicagem. O episódio das demissões em série de ministros encrencados em 2011 conferiu à presidente a fama de ter comandado uma faxina ética no governo.

De maneira premeditada ou inadvertida, Dilma foi ficando como uma espécie de ponto de equilíbrio entre o que foram Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Nem é tão elitista e distante do povão como o tucano nem tão populista e condescendente com mazelas brasileiras como o petista. De repente, Dilma até virou personagem de programas de um curioso “humor a favor”, algo raríssimo na história política do país.

Estava indo tudo muito bem. Até que o processo eleitoral deste ano começou.

Uma romaria de políticos do PT passou a frequentar o ex-presidente Lula para reclamar de Dilma. “Ela não trata o PT como deveria” e “Dilma está se arriscando a perder apoio político ao não aceitar demandas dos aliados” são duas frases que sintetizam os resmungos no muro das lamentações do PT e adjacências. Sem contar o desgarramento virtual do PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, virtual candidato a presidente daqui a dois anos.

Candidata à reeleição em 2014, Dilma se sentiu premida pela conjuntura política adversa que se formava no seu entorno. Começou a tomar atitudes erráticas. Cede e depois age como se fosse para dizer: “Eu sou do PT, mas o PT não manda em mim”. É um risco. Sinais trocados podem desconstruir a imagem que criou para si própria desde sua posse no Planalto.

Eis 4 fatos que podem até ter contribuído para Dilma dar mais coesão política ao seu governo e melhorar sua relação com o PT, mas que contrastam com sua reputação pública:

1) Ministério da Pesca – depois de dizer no final de 2011 ao programa Fantástico, da TV Globo, que não fazia “toma lá dá cá” (vídeo e texto), a presidente convidou em março passado, para a pasta da Pesca, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). O objetivo foi apenas político. O PRB tem fortes ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus e com a TV Record.

Dilma deu um ministério para acalmar um grupo político-midiático relevante. Enfim, toma lá, dá cá.

2) Resposta a FHC em rede nacional de TV – o ex-presidente escreveu um artigo que teve pouca repercussão no dia de sua divulgação, no início de setembro. A presidente maximizou a crítica recebida do tucano e respondeu com nota oficial da Presidência da República. Não satisfeita, usou parte do seu discurso em comemoração ao 7 de Setembro para fazer um forte ataque às privatizações da administração de FHC. Segundo ela, o tucano “torrou patrimônio público para pagar dívida, e ainda terminou por gerar monopólios, privilégios, frete elevado e baixa eficiência”. Tudo em rede nacional de TV.

Não se trata aqui de negar ou confirmar os problemas das privatizações tucanas. O ponto é outro: convém a uma presidente da República usar uma rede nacional de TV para fazer política partidária? Afinal, Dilma poderia dizer tudo o que falou e muito mais no programa partidário semestral que o PT tem na TV.

3) Vídeo pró-Haddad – pressionada por Lula, a presidente aceitou que gravar e deixar divulgar já um vídeo no qual defende Fernando Haddad, o candidato do PT a prefeito de São Paulo.

Dilma havia procurado o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), há alguns meses e disse que não faria campanha para ninguém no primeiro turno destas eleições. Ou seja, falou uma coisa e fez outra.

Pior um pouco foi o tom e o palavreado usado por Dilma. A presidente foi além de recomendar o voto no PT em São Paulo –o que seria compreensível. Ela fez uma ameaça velada aos eleitores paulistanos ao dizer que Haddad é “a pessoa certa” para a cidade “consolidar projetos fundamentais do governo federal”. Com Haddad, os paulistanos terão “muitas creches” e “novas moradias”.

Ou seja, contrário senso, se Haddad é “a pessoa certa”, as outras pessoas na disputa são as erradas. Em outras palavras, se Haddad não for eleito, São Paulo não vai “consolidar projetos” com dinheiro federal para ter “muitas creches” e “novas moradias”.

4) Marta Suplicy na Cultura – esse é outro exemplo explícito de toma lá, dá cá. A senadora pelo PT de São Paulo, Marta Suplicy, ficou emburrada por vários meses por ter sido alijada da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Recusava-se a participar da campanha de Fernando Haddad, uma escolha pessoal de Lula.

Aí Marta Suplicy se acertou com Dilma Rousseff e Lula: iria virar ministra até o final do ano. Entrou então na campanha de Haddad. Só que a nomeação de Marta como ministra da Cultura explicitou um certo de descontrole no gerenciamento político de Dilma. O cargo estava acertado, mas seria dado oficialmente após a eventual eleição de Haddad –o custo político seria assim mitigado.

Ocorre que a notícia foi publicada na internet na manhã de 11.set.2012  por Valdo Cruz eNatuza Nery. Por volta de meio-dia, a notícia foi ampliada pela repórter Cátia Seabra. Dilma Rousseff resolveu então antecipar o fato.

Por quê? A presidente detesta quando informações reservadas de seu governo chegam à imprensa sem sua permissão. Nessas ocasiões, há sempre reações intempestivas –como não avaliar com mais vagar a relação custo-benefício de uma ação subsequente.

Dilma poderia muito bem ter segurado a nomeação para depois do período eleitoral, mas não quis mais postergar porque se sentiu traída pela informação ter sido publicada sem o seu consentimento.

Aliás, essa relação de Dilma com a mídia, de desejar controlar 100% do que é publicado sobre seu governo, é assunto para uma outra análise.

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Quais sinais são emitidos por esses 4 fatos acima?

Para a maioria dos brasileiros é comum políticos se atacarem e presidentes nomearem ministros por indicação partidária. Sem problemas. Esses episódios fazem parte da paisagem.

Ocorre que parcelas da classe média e dos eleitores mais instruídos estavam encantadas com o primeiro ano do governo Dilma e as atitudes “low profile” da presidente.

Enfim estava no Palácio do Planalto uma pessoa de hábitos mais republicanos. Dilma podia ser até meio áspera e ríspida no contato com as pessoas em geral, mas esse traço era até visto como um predicado e não um defeito.

Agora, aos poucos, a presidente vai cedendo aos vícios da micropolítica. O PRB quer um ministério? Eis aqui o da Pesca, não importando se quem vai ocupá-lo não entende nada de peixes. O PT está em apuros em São Paulo com o candidato de Lula que empacou nas pesquisas? Olhem aqui Dilma dando uma ordem aos eleitores paulistanos na TV. O político aposentado FHC faz uma crítica em jornal impresso ao governo Lula? Sem problemas: Dilma convoca uma cadeia nacional de TV para falar do 7 de Setembro e sentar a pua no tucano.

Essas atitudes são (com o perdão pelo uso do clichê) como as ondas produzidas pela pedra jogada no lago. Aos poucos, as ondas se espalham e chegam à margem.

Pior ainda quando são várias pedras jogadas no mesmo lago.

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