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Famosa na internet, Luisa Marilac comenta o mercado de trabalho para travestis e transsexuais

Luisa Marilac ficou famosa em todo o Brasil por seu vídeo caseiro. Em uma piscina e “tomando bons drink”, ela zomba de quem falava mal. O tempo passou, a fama não trouxe os resultados financeiros esperados e Luísa se viu novamente em situação difícil.

Atualmente, Luisa Marilac trabalha como Supervisora de Serviços Gerais em um hotel em São Paulo. Nesta entrevista à Carta Capital, ela comenta a abertura do mercado de trabalho para travestis e transsexuais.

Para quem tem mais interesse, recomendo a leitura do livro “Quem sou eu – Autorrepresentações de travestis no orkut”, de Aline Soares Lima, disponível para download gratuito neste link. Destaco:

Na vida prática de grande parte das travestis e no cotidiano das ruas, o principal palco são as calçadas onde expõem seus corpos como em vitrines para a prostituição. Em trajes sumários e estratégicos, as “bonecas” fazem parte da paisagem noturna dos que trafegam pelas cidades na alta madrugada. Contudo, as imagens da prostituição travesti não são vistas somente por quem transita pelas noites, pois elas chegam também por meio de representações midiáticas e narrativas visuais e orais. (…) Desse modo, a sociedade em geral vai construindo, a partir de representações fragmentadas, um imaginário acerca das travestis, associando-as de um lado aos palcos, à vida artística e ao glamour; e de outro à violência, ao crime e à prostituição. No entanto, a diversão, o prazer e o espetáculo parecem invariavelmente fazer parte de suas vidas.

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Seu salário vai subir?

Duas notícias para vocês lerem rapidamente antes de discutirmos o seu salário.

Da Folha:

A taxa de desemprego de fevereiro subiu para 5,7%, ante variação de 5,5% em janeiro, segundo os dados são da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), divulgada nesta quinta-feira (21) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). (…)

“Apesar do aumento, ainda que não signficativo, de 0,2 ponto percentual da taxa de desocupação, percebemos uma tendência favorável no mercado de trabalho no ano. Se observarmos o aumento dos trabalhadores com carteira assinada e o rendimento, vemos uma melhora gradativa da qualidade do emprego no Brasil”, afirmou Cimar Azeredo, gerente de Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A população desocupada era de 1,4 milhão de pessoas, número considerado estável na relação com janeiro (1,3 milhão). Quando comparada com fevereiro do ano passado, foi verificado uma redução de 8,6% (menos 130 mil pessoas). (…)

O rendimento médio real dos ocupados (descontada a inflação) atingiu o nível mais alto da série histórica, com remuneração de R$ 1.699,70, subiu 1,2% em comparação com janeiro. Frente a fevereiro do ano passado, o poder de compra dos ocupados cresceu 4,4%.

E do Estadão:

Os executivos de recursos humanos brasileiros são os mais otimistas em relação ao aumento no valor dos salários de executivos para os próximos 12 meses, de acordo com uma pesquisa da consultoria americana Robert Half, que ouviu mais de 1,8 mil profissionais em 17 países. No Brasil, 80% dos entrevistados creem que os salários vão subir nos próximos 12 meses, o dobro da média mundial (39%).

O resultado no País reflete a emergência dos países em desenvolvimento na economia mundial e também as dificuldades para se encontrar mão de obra qualificada no mercado local. O levantamento mostra que a expectativa de reajustes salariais dos RHs brasileiros para o próximo ano supera a chinesa, que ficou em 73%.

Segundo a mais recente edição do guia salarial da consultoria americana, o aumento dos vencimentos para alguns cargos chegou a 20% em um ano no País (o salário de um diretor financeiro sênior, por exemplo, pode chegar a R$ 70 mil por mês).

O diretor de operações da Robert Half, Fernando Mantovani, espera que o ritmo se desacelere um pouco em 2012. No entanto, quando incentivados a projetar de quanto será o reajuste nos salários de executivos no País ao longo do ano, a opção mais escolhida pelos profissionais de RH foi “mais de 10%”.

Custos trabalhistas. Como o mercado continua aquecido, o aumento de custos para as empresas é inevitável, na visão de Mantovani. No entanto, com certa criatividade, é possível mitigar a “sangria” no orçamento. “No Brasil, cada aumento de R$ 1 no salário mensal se transforma em quase R$ 2 por causa dos custos atrelados”, diz o diretor da Robert Half. “Por isso, as empresas estão investindo cada vez mais em estratégias de benefícios e remuneração variável.”

 

Não coloquei estas duas notícias juntas por acaso. O desemprego no Brasil está muito baixo há vários meses, como vocês podem ver neste gráfico divulgado pelo IBGE hoje.

Considerando que a taxa de desemprego natural no Brasil, isto é, aquela que garante ausência de pressão inflacionária, seja de aproximadamente 5,9% (segundo a Rosenberg & Associados), os níveis atuais ainda representam um risco aos preços, e ao equilíbrio da economia.

Lembrem-se que a expectativa é que a economia volte a se aquecer, especialmente no segundo semestre. Ora, neste cenário, com desemprego baixo e economia se aquecendo, é natural que os salários subam, especialmente em nichos de mercado com falta de profissionais qualificados. Os poucos profissionais disponíveis tendem a ser disputados pelo mercado.

Mas como isto influencia a sua vida, diretamente?

Bem, este é um bom momento para pedir um aumento. Economia aquecendo, falta de profissionais no mercado… se você confia no seu taco, mostre trabalho aos seus superiores (ninguém ganha um aumento sem merecer, lembrem-se) e tome coragem.

Se você quer trocar de emprego, pode ser a hora ideal. Estude o mercado, faça um plano de ação, entre em contato com as pessoas que conhece e que podem ajudá-lo, e mãos a obra!

Boa sorte!

*Importante destacar que o emprego tem forte caráter SAZONAL, isto é, varia de acordo com a época do ano. Nos meses que antecedem o natal, por exemplo, indústria e comércio contratam mais, para suprir a demanda mais forte. Por outro lado, o primeiro trimestre do ano é, sazonalmente, o mais fraco.

**Gostaria de puxar a orelha da maior parte dos jornalistas econômicos, que ao se referirem ao desemprego dizem “taxa mais baixa dos últimos 10 anos.” Esta informação subentende que há 10 anos a taxa de desemprego era mais baixa, o que não é verdade. Esta é a taxa de desemprego mais baixa de TODA a série histórica para fevereiro, que segundo a metodologia atual, infelizmente tem apenas 10 anos.

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Sobre o Ensino Superior e o Mercado de Trabalho

Da Folha de São Paulo:

A USP (Universidade de São Paulo) deu um salto e aparece entre as 70 instituições de ensino superior com melhor reputação no mundo, segundo ranking do THE (Times Higher Education) publicado em Londres. (…)

A maior parte da nota de cada universidade no ranking geral do THE, que costuma ser divulgado em outubro de cada ano, vem de critérios como a quantidade de citações recebidas pelos artigos dos docentes -o que é chamado de indicador de “impacto da pesquisa”.

Esse item vale 30% da nota recebida por cada universidade -quase o dobro da reputação acadêmica (18%). (…)

Nesse quesito, a USP vai bem: a universidade está em 20º lugar na listagem de universidades com mais visibilidade na internet, divulgada em fevereiro pela Webmetrics, empresa que analisa o tráfego na rede.

Em primeiro lugar, é excelente ver universidades brasileiras bem conceituadas internacionalmente; ainda mais quando esta é a universidade em que você se graduou e pela qual tem uma paixão e gratidão eternas. Mas não é sobre isto que eu quero falar neste texto.

O Brasil viveu nos últimos 20 anos uma multiplicação no número de universidades, faculdades e centros de ensino superior. Segundo Fernando Haddad, apenas entre 2000 e 2010 o número de estudantes universitários saltou de 3 para 6,5 milhões.

Por mais que muitos (como o governo) vejam isto como algo positivo, é preciso levar várias coisas em conta. Mesmo que este aumento tivesse se dado apenas em faculdades de alto nível de qualidade, a vantagem para a sociedade e mesmo para os estudantes seria relativa, mas sabemos que nem isto é verdade.

Muitas das novas faculdades e universidades que se espalharam pelo Brasil são fraquíssimas, meras “vendedoras de diplomas”. Os professores fingem que ensinam e geram pesquisa, os estudantes fingem que aprendem e todos ficam satisfeitos. Nem todos. Quando estes estudantes forem ao mercado de trabalho, serão esperados deles conhecimentos que eles não terão. Aí, os empregadores ficarão descontentes e, provavelmente, rebaixarão as expectativas quanto a graduados naquelas universidades/faculdades. Eles procurarão apenas os profissionais graduados nas universidades mais conceituadas, e gera-se um fosso entre uns e outros.

Na prática, isto já acontece. E o dinheiro e tempo investidos na educação serão completamente desmerecidos. É uma enganação em termos estatísticos. A proporção de brasileiros com diploma  aumenta, mas isto não se exprime no mundo profissional. Soa bonito na propaganda eleitoral, mas não auxilia o desenvolvimento econômico e social brasileiro.

Também é um choque de realidade ao sonho de ensino superior. E estes indivíduos não encontrarão um lugar no mercado de trabalho. Isto se soma à cada vez mais clara falta de técnicos no Brasil. São poucas as instituições de formação técnica, para execução de atividades específicas. Este treinamento, em muitos casos, é promovido dentro das próprias empresas, mais por falta de profissionais qualificados no mercado que por boa vontade dos empresários. E mais um peso se soma aos já onerosos custos trabalhistas do país.

O Brasil vive uma ilusão de ensino superior. De democratização ao acesso. Mas enquanto não se colocar o pé no chão, cobrar qualidade das universidades e faculdades já existentes e melhorar a formação de técnicos, o desenvolvimento econômico do país estará limitado pela deficiência da mão de obra.

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