Duas notícias para vocês lerem rapidamente antes de discutirmos o seu salário.
Da Folha:
A taxa de desemprego de fevereiro subiu para 5,7%, ante variação de 5,5% em janeiro, segundo os dados são da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), divulgada nesta quinta-feira (21) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). (…)
“Apesar do aumento, ainda que não signficativo, de 0,2 ponto percentual da taxa de desocupação, percebemos uma tendência favorável no mercado de trabalho no ano. Se observarmos o aumento dos trabalhadores com carteira assinada e o rendimento, vemos uma melhora gradativa da qualidade do emprego no Brasil”, afirmou Cimar Azeredo, gerente de Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A população desocupada era de 1,4 milhão de pessoas, número considerado estável na relação com janeiro (1,3 milhão). Quando comparada com fevereiro do ano passado, foi verificado uma redução de 8,6% (menos 130 mil pessoas). (…)
O rendimento médio real dos ocupados (descontada a inflação) atingiu o nível mais alto da série histórica, com remuneração de R$ 1.699,70, subiu 1,2% em comparação com janeiro. Frente a fevereiro do ano passado, o poder de compra dos ocupados cresceu 4,4%.
E do Estadão:
Os executivos de recursos humanos brasileiros são os mais otimistas em relação ao aumento no valor dos salários de executivos para os próximos 12 meses, de acordo com uma pesquisa da consultoria americana Robert Half, que ouviu mais de 1,8 mil profissionais em 17 países. No Brasil, 80% dos entrevistados creem que os salários vão subir nos próximos 12 meses, o dobro da média mundial (39%).
O resultado no País reflete a emergência dos países em desenvolvimento na economia mundial e também as dificuldades para se encontrar mão de obra qualificada no mercado local. O levantamento mostra que a expectativa de reajustes salariais dos RHs brasileiros para o próximo ano supera a chinesa, que ficou em 73%.
Segundo a mais recente edição do guia salarial da consultoria americana, o aumento dos vencimentos para alguns cargos chegou a 20% em um ano no País (o salário de um diretor financeiro sênior, por exemplo, pode chegar a R$ 70 mil por mês).
O diretor de operações da Robert Half, Fernando Mantovani, espera que o ritmo se desacelere um pouco em 2012. No entanto, quando incentivados a projetar de quanto será o reajuste nos salários de executivos no País ao longo do ano, a opção mais escolhida pelos profissionais de RH foi “mais de 10%”.
Custos trabalhistas. Como o mercado continua aquecido, o aumento de custos para as empresas é inevitável, na visão de Mantovani. No entanto, com certa criatividade, é possível mitigar a “sangria” no orçamento. “No Brasil, cada aumento de R$ 1 no salário mensal se transforma em quase R$ 2 por causa dos custos atrelados”, diz o diretor da Robert Half. “Por isso, as empresas estão investindo cada vez mais em estratégias de benefícios e remuneração variável.”
Não coloquei estas duas notícias juntas por acaso. O desemprego no Brasil está muito baixo há vários meses, como vocês podem ver neste gráfico divulgado pelo IBGE hoje.

Considerando que a taxa de desemprego natural no Brasil, isto é, aquela que garante ausência de pressão inflacionária, seja de aproximadamente 5,9% (segundo a Rosenberg & Associados), os níveis atuais ainda representam um risco aos preços, e ao equilíbrio da economia.
Lembrem-se que a expectativa é que a economia volte a se aquecer, especialmente no segundo semestre. Ora, neste cenário, com desemprego baixo e economia se aquecendo, é natural que os salários subam, especialmente em nichos de mercado com falta de profissionais qualificados. Os poucos profissionais disponíveis tendem a ser disputados pelo mercado.
Mas como isto influencia a sua vida, diretamente?
Bem, este é um bom momento para pedir um aumento. Economia aquecendo, falta de profissionais no mercado… se você confia no seu taco, mostre trabalho aos seus superiores (ninguém ganha um aumento sem merecer, lembrem-se) e tome coragem.
Se você quer trocar de emprego, pode ser a hora ideal. Estude o mercado, faça um plano de ação, entre em contato com as pessoas que conhece e que podem ajudá-lo, e mãos a obra!
Boa sorte!
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*Importante destacar que o emprego tem forte caráter SAZONAL, isto é, varia de acordo com a época do ano. Nos meses que antecedem o natal, por exemplo, indústria e comércio contratam mais, para suprir a demanda mais forte. Por outro lado, o primeiro trimestre do ano é, sazonalmente, o mais fraco.
**Gostaria de puxar a orelha da maior parte dos jornalistas econômicos, que ao se referirem ao desemprego dizem “taxa mais baixa dos últimos 10 anos.” Esta informação subentende que há 10 anos a taxa de desemprego era mais baixa, o que não é verdade. Esta é a taxa de desemprego mais baixa de TODA a série histórica para fevereiro, que segundo a metodologia atual, infelizmente tem apenas 10 anos.