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Crescimento econômico brasileiro continuará baixo por um longo tempo, diz economista

Os sinais de que a economia brasileira está em processo de desaceleração estão cada vez mais claros. O investimento (público e privado) caiu e não se recupera; o saldo da balança comercial está persistentemente negativo, e nossos bens exportados têm baixo valor agregado.  E segundo o chairman do Goldman Sachs do Brasil, o economista Paulo Leme, o crescimento continuará baixo por um longo tempo.

Veja abaixo trechos da entrevista que ele concedeu à Folha. Para a entrevista completa, acesse este link.

Folha – Qual sua expectativa para a economia brasileira?
Paulo Leme – Acho que o crescimento deve estar muito próximo a 2%. E, infelizmente, em razão de baixos investimentos e da queda na produtividade, o crescimento sustentável de longo prazo está próximo a 3%, provavelmente abaixo disso, o que é bem menos do que eu esperava há um ano.

O que é longo prazo?
De 3 a 10 anos. A economia mundial tem demorado mais a se recuperar, e a perspectiva de preço de commodities não é favorável.

Internamente, houve uma mudança na política econômica com a adoção de um modelo centrado na expansão da demanda doméstica.
Mas a oferta não está se expandindo. Então, esse aumento do consumo tem levado a um excesso de demanda por bens importados, o que provoca um aumento do deficit em conta-corrente e da inflação.

Qual a contribuição da política fiscal para a inflação?
A política fiscal está muito expansionista, o que aumenta a inflação e contribui para o deficit em conta-corrente. Em vez de gastar com hospitais, escolas, transporte público, o governo está gastando em salários, aposentadorias.

Esse modelo está levando a uma despoupança doméstica, que está sendo financiada por investidores estrangeiros.

Se você toma empréstimos no exterior ou atrai investimento direto estrangeiro e, com isso, investe em indústrias ou atividades que geram receitas em dólares no futuro, o pagamento dos juros dessa dívida está garantido.

No nosso caso, não, os empréstimos foram queimados com turismo da Disneylândia, malas cheias de bens vindas de Nova York ou Miami. Essa conta vai chegar.

E o que acontecerá?
Quando tivermos que pagar esse serviço da dívida, não teremos a receita dos investimentos porque ela foi consumida. Você vai ter que desacelerar a economia, reduzir o consumo e os salários reais, que são fonte da inflação, e isso ocorre através do aumento do desemprego.
Por último, você tem que desvalorizar o real, tornar a economia mais competitiva. Creio que, em 12 meses, o câmbio estará perto de R$ 2,50 e, em dois anos, de R$ 2,75.

Ainda não estamos no ajuste?
Temos o início de um ajuste, mas é pior porque não vai ser completo. Os problemas de falta de crescimento são estruturais, queda de produtividade, perda da competitividade, falta de investimentos. Sem resolver esses problemas, quanto mais você estimula, é como um carro com o afogador quebrado.

O que deverá ocorrer com o crescimento após as eleições?
Para reduzir a inflação e fechar o deficit externo, a economia crescerá pouco, quase estagnada, sem recessão, mas com o desemprego subindo acima de 6%.

Depende do cenário no exterior, e você fica muito vulnerável a grandes guinadas externas. Já tivemos um ensaio em junho, quando houve uma rapidez na saída de capitais do Brasil. O câmbio se desvalorizou rapidamente.

Quando de fato o Fed (banco central americano) resolver subir a taxa de juros, o mercado já terá antecipado isso, o que poderá levar a uma queda dos investimentos ou da capacidade das empresas brasileiras, que estão endividadas em dólar, de rolar sua dívida externa.

A economia pode interferir na perspectiva de reeleição da presidente Dilma Rousseff?

Se a gente relacionar as manifestações populares ao baixo crescimento, mas especialmente à falta de correspondência entre a carga tributária e os serviços públicos, isso já mudou a perspectiva eleitoral, em que parecia altamente provável a reeleição da presidente para um cenário que pode ser o de uma eleição bastante competitiva.

Qualquer que seja o próximo governo terá um primeiro ano difícil?
Sim, pode ser um pequeno desafio ou pode ser problemático. Acho que não teremos nenhum problema na escala como tivemos, por exemplo, em 1999, em 2002 para 2003, simplesmente porque as condições iniciais hoje são muito mais favoráveis do que foram nesses momentos. Você tem muito mais reservas internacionais, você não tem dívida fiscal dolarizada. Agora, tudo depende da reação desse governo e do seu sucessor.

O cenário não é catastrófico, nem mesmo tão grave quanto o que vimos em 1999 ou em 2002.

Mas é fundamental que o governo (este ou o próximo) faça reformas importantes na estrutura do Brasil, não apenas maquilando os problemas para conter as manifestações. Só para não esquecer: Dilma, demite o Mantega.

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Crescimento econômico brasileiro no 1o tri frustra expectativas; em 2013, não devemos crescer 3%

Éééééé amigos… a coisa tá feia para a dona Dilma e o Sr. Mantega. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma de tudo o que é produzido em um determinado período) no primeiro trimestre de 2013 frustrou as expectativas de mercado (novamente). Era esperado 0,9% em relação ao último tri de 2012 – crescemos 0,6%.

A indústria, que há algum tempo tem patinado, diminuiu 0,3% (em relação ao 4T2012, na série sem efeitos sazonais). No comparativo interanual, a indústria extrativa caiu 6,6%.

Se não fosse a agropecuária, que com a safra recorde deste ano cresceu 9,7% na margem, o PIB teria ficado praticamente estável – uma piada de extremo mal gosto para um governo que não sabe como fazer o Brasil crescer.

Isso levou boa parte dos economistas a reduzir suas projeções para o crescimento neste ano. O Bradesco espera crescimento entre 2% e 2,5%; a Gradual Investimentos, 2,1%; BES, 2,3%. O governo era o único que ainda esperava 3,5% – vai ter que revisar.

Já passou da hora da Dilma demitir o Mantega. O ministro, cujas previsões extremamente otimistas já lhe tolheram de qualquer credibilidade, tem sido frequentemente ironizado pela mídia especializada internacional (A The Economist mandou a presidente demiti-lo se quiser se reeleger; o Finantial Times o nomeou profissional do jeitinho). E se Dilma não tomar providências, em breve, o Brasil inteiro pode ser ironizado. Voltaremos a ser o eterno país do futuro que nunca chega.

 

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Perspectivas para a Economia Brasileira em 2013

Feliz ano novo!

Para começarmos 2013 com o pé direito, vamos ver algumas perspectivas para a economia brasileira neste ano com um dos maiores nomes na área no Brasil atualmente?

Confiram o vídeo abaixo, com as perspectivas do economista Fábio Giambiagi para 2013.

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Em vinte anos, dirigir será apenas pelo lazer – e fora das cidades

Não, eu não enlouqueci. Quem disse isto foi Bob Lutz, um dos maiores nomes da indústria automobilística mundial, ao repórter Marcelo Moura, da revista Época. Lutz já foi vice-presidente da BMW, da Ford, da Chrysler e da GM, e em seus 49 anos de carreira nesta área foi responsável por alguns grandes sucessos, como o Ford Explorer, o Série 3 e o Viper.

Para ele, em não mais que duas décadas os motoristas serão aposentados – ao menos, em países desenvolvidos. Os carros serão guiados automaticamente, com base no destino pré-estabelecido. Parece ficção científica, mas essa é a aposta do executivo. Veja abaixo alguns trechos selecionados da entrevista com Bob Lutz (destaques meus).

 Vender carros novos será um grande negócio por muito tempo em países como China e Índia, onde ainda são realmente necessários. Nos Estados Unidos e em países europeus, é diferente. Onde o transporte público é bom, você pode viver sem carro, se quiser.

Os jovens de hoje cresceram cercados de Porsches, Ferraris, Mercedes e BMWs. Como cresceram tendo tudo isso ao redor, pensam que não há nada de especial neles. É como… a geração do meu pai era muito, muito interessada em estradas de ferro. Os garotos daquele tempo colecionavam figurinhas de trens. Quando meu pai me falava sobre isso, eu dizia: “Oh, trens! Isso é tão ultrapassado! O negócio são carros”. Isso durou muito, mas agora a novidade são os componentes eletrônicos, a realidade virtual, a conectividade.

Carros permitem interação social. Carro era o meio para ir ao encontro de amigos e levá-los ao cinema. Era um símbolo importante de reconhecimento social. E, mais importante, você podia levar garotas para passear, conversar com elas a sós e engrenar um relacionamento. Carro era um santuário de privacidade para jovens de todos os países. Agora, os jovens têm componentes eletrônicos para mandar textos, fotos e vídeos, uns aos outros. Estão tão constantemente em contato que a necessidade de conexão, antes proporcionada pelo carro, foi suprida. Mesmo o papel de exibir sinais de prestígio, antes representado pelo carro, foi ocupado. Há muito prestígio em ter a última geração do iPad.

A sedução dos carros não faz mais sentido. O tempo de viagem não depende mais da potência e da estabilidade de um carro, e sim dos limites de velocidade impostos. Um jovem de 18 anos deve se perguntar: “Por que devo comprar um Lamborghini Murciélago, de US$ 300 mil, se ele é tão rápido quanto um Cruze, de US$ 17 mil?”. Como um apaixonado por carros, acho isso deplorável, mas faz muito sentido. Além da imposição de limites de velocidade, o carro perdeu apelo ao ser transformado em vilão como causa do aquecimento global.

Depois dos cigarros, o automóvel se tornou o inimigo público número um. A sociedade entende que já derrotou o fumo, e agora está indo atrás do carro.

[Em vinte ou trinta anos], em países desenvolvidos, veremos carros elétricos, completamente autônomos. Você dirá aonde quer ir e ele irá, sozinho. Ao entrar numa estrada, se integrará a um comboio de outros carros, afastados entre si 1 metro, viajando a cerca de 200 quilômetros por hora. A estrada será um ponto de energia, que recarregará os carros que passam por ela. O motorista poderá ler, dormir, fazer o que quiser. Quando chegar ao destino, bastará descer do carro e mandá-lo estacionar. O carro encontrará uma vaga e fará manobras sozinho. Para ir embora, é só chamar o carro de volta.

Não haverá mais motoristas no trânsito. Os cavalos costumavam ser o principal meio de transporte, até que foram banidos das ruas pela chegada dos carros. Ainda há uma enorme quantidade deles, mas agora ficam guardados em estábulos. São usados para esporte e lazer. É o que acontecerá com os carros. Nos Estados Unidos, já existem clubes automotivos. Eles compram um terreno imenso, constroem duas ou três pistas, piscina, restaurante, salão de festas e garagens. Você pode deixar seu carro lá, sob cuidados. Em vez de jogar golfe, você pode ir lá, vestir um macacão e dirigir. O futuro do carro será sem motorista, com funcionamento autônomo. O prazer de dirigir, como o conhecemos, será algo para lugares fechados.

O carro será rápido, ao evitar congestionamentos e usar as estradas com eficiência. Erros e distrações do motorista, que causam acidentes, serão removidos pela tecnologia.

Essa geração do futuro, que terá carros autônomos, não verá qualquer valor especial nos carros. Basta olhar para trens e ônibus. Ninguém liga para a aparência deles, ninguém quer saber o nome do fabricante, ninguém olha e diz: “Esse é um Mercedes”. Você apenas embarca. Os carros do futuro também serão assim. Nos anos 1950, canetas esferográficas eram um avanço tecnológico. As boas marcas de esferográficas eram muito caras. Hoje isso parece muito estranho. O grande prestígio de ter uma esferográfica de marca… Ninguém liga mais para a marca das canetas. Você pode pegar uma de graça no hotel.

O espaço [deixado pelo declínio dos carros] será ocupado por realidade virtual e hologramas 3D, criados pela computação. Eles levarão as pessoas a praticamente qualquer lugar. Você poderá viver a experiência de jantar com quatro pessoas, sem nenhuma outra estar ali, porque parecem reais. A necessidade de locomoção real cairá muito. Caminhões continuarão necessários para transportar produtos, mas passar quatro horas na estrada, para visitar alguém, será algo muito menos frequente.

Acho que talvez parte do que Lutz disse seja um absurdo, mas muito disso tudo faz sentido.

1) Já se trabalha há muito tempo nas tecnologias em carros que dirigem sozinhos, e acho que em no máximo 10 anos esta tecnologia será viável comercialmente. Daí para em 20 ou 30 anos as ruas estarem dominadas por eles em países desenvolvidos é um pulo.

2) Com transporte público eficiente, carro é um luxo – e um luxo caro. Quem já morou na Europa e não viaja com frequência sabe bem disso. Vagas são difíceis de se encontrar, estacionamentos caros… e é desnecessário. Quando se quer dirigir, aluga-se um automóvel. Caso contrário, transp. público + táxi supre as necessidades.

3) Não acho que a ascensão dos carros elétricos será tão cedo. Importante recordar que em boa parte do mundo a energia elétrica ainda é gerada via combustíveis fósseis – ou seja, não muda nada abastecer com gasolina ou volts. E os derivados do petróleo ainda serão competitivos por muito tempo.

4) Até suprir o “déficit automotivo” dos países em desenvolvimento, ainda vai se vender muuuuito carro por aí.

5) Se carro é luxo, carro de luxo é sonho. E sonho para países desiguais e elitistas – ou seja, o mundo em desenvolvimento. O futuro da Ferrari é nestes países. Não é a toa que montaram seu primeiro parque temático em Dubai.

Acho que é isso… O que vocês acham? Concordam com Lutz?

E no Brasil, alguma possibilidade do carro perder importância?

Será que essas previsões poderiam ser uma saída para o trânsito caótico das maiores cidades do país?

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Você ainda vai trabalhar em uma empresa pequena

Seu crescimento profissional provavelmente passará por uma micro ou pequena empresa.

Do Exame:

Em reunião com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, reafirmou o compromisso da instituição em trabalhar para que as micro e pequenas empresas (MPE) desempenhem papel cada vez mais importante na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

“Precisamos elevar a produtividade para aumentar a participação das MPE no PIB. Mais produtividade requer inovação, o que gera mais competitividade”, afirmou Barretto. Ele se reuniu com Tarso Genro nesta semana, acompanhado do presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no estado, Vitor Augusto Koch, e do superintendente da instituição Léo Hainzenreder.

Durante o encontro, Barretto também destacou que os negócios de pequeno porte são “o motor do nosso mercado interno”, grandes geradores de oportunidades de emprego e renda.

A economia brasileira migra para se tornar, cada vez mais, uma economia de serviços. É um caminho sem volta, inevitável e já observado em praticamente todas as economias desenvolvidas. Hoje, quase 70% do Produto Interno Bruto brasileiro já está nos serviços, e isto ainda vai aumentar.

Por que isto ocorre?

Uma economia é composta por agropecuária, indústria e serviços. Nenhuma economia grande consegue ser formada majoritariamente por agropecuária. No Brasil, ela responde por pouco mais de 5% da economia, e por aí deve ficar por um longo tempo.

Quanto à indústria, a abertura aos mercados internacionais expõe a fragilidade do setor no Brasil. Tirando raras exceções, nossa indústria é pouquíssimo competitiva. É inviável competir diretamente com chineses, indianos, indonésios, etc, em setores em que eles possuem custos baixíssimos. Não é novidade para ninguém que os encargos e garantias trabalhistas no Brasil são muito mais protetores que os de boa parte dos países asiáticos.

Pois bem, somos um país de serviços. E em serviços, a produtividade e competitividade são fundamentais. Em âmbito internacional, o setor se baseia em conhecimento. Mais que maquinário evoluído, é fundamental que os funcionários estejam 100% comprometidos e alinhados.

Empresas grandes tendem a ser mais burocráticas. É fato. E por isto o presidente do SEBRAE destaca a importância das micro e pequenas empresas como motores do desenvolvimento brasileiro. Empresas pequenas conseguem ser dinâmicas, adaptam-se mais rapidamente a novidades, atuam em nichos de mercado e possuem diversas outras vantagens. Seus profissionais são multi-funcionais, realizando diferentes atividades ao mesmo tempo. As empresas deixam de procurar seus trabalhadores por profissões, mas investem em talentos e competências.

Enquanto isto, as grandes empresas continuarão existindo, claro, mas tendem a perder importância relativa. O sonho de se trabalhar em uma grande multinacional pode persistir, mas poucos trabalharão nestas companhias, e isto pode ser até melhor para sua carreira.

Estima-se, por exemplo, que em Portugal 91% dos trabalhadores estão hoje em empresas com até 9 funcionários. A multiplicação de pequenas empresas é notável, e representa um fenômeno fundamental para garantir a manutenção do desenvolvimento do país.

No entanto, o Brasil ainda enfrenta um grande desafio para o sucesso das pequenas e micro-empresas: o alto índice de mortalidade das empresas. Segundo o SEBRAE, 27% das empresas sequer sobrevivem ao primeiro ano de atividade. Menos da metade alcançam os 5 anos de existência.

O brasileiro é considerado um empreendedor nato, porém não tem preparo nem treinamento necessários para o sucesso em suas empreitadas no mundo dos negócios. Para piorar, a burocracia atravanca o processo e cria diversas dificuldades.

A solução é conhecida, mas não necessariamente fácil de ser implementada. Desburocratizar e treinar. Quando isso vai acontecer?

Você se vê trabalhando em uma empresa pequena?

Você está preparado para este processo?

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