A exatamente um mês da abertura oficial dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, a imprensa internacional destaca os problemas da cidade.
Atletas cancelam sua vinda por medo do zika. O governo estadual decreta estado de calamidade pública para receber 2.9 bilhões de reais (a fundo perdido) em verba emergencial do governo federal para pagar salários atrasados e evitar um caos generalizado na saúde e segurança durante os jogos.
Mas o pior de tudo é a completa falta de segurança. Entre Janeiro e Maio, foram registrados 48.429 roubos de rua no Rio de Janeiro. São 13 por hora, o maior nível em toda a série histórica. Vale a pena conferir o artigo d’O Globo.
De acordo com o jornal Extra, a cidade é cenário de 15 guerras entre quadrilhas. Como uma cidade em plena guerra civil receberá o maior evento do mundo, que representa a paz e união entre povos?
Na última semana, duas equipes de TV tiveram seus equipamentos roubados. Hoje, é destaque o roubo de 9 computadores portáteis de uma arena olímpica. Pior: o roubo foi feito pela própria equipe que seria responsável por fazer a segurança da instalação.
Para as olimpíadas, haverá 85.000 policiais nas ruas, o que deve ser suficiente para evitar arrastões nas imediações das instalações olímpicas e principais pontos turísticos. Mas e depois?
Até quando o brasileiro será tolerante com tanta violência?
E qual a sua causa?
Apesar da fama do brasileiro pacífico, é inegável que os níveis de violência no Brasil são assustadoramente superiores a países de igual ou inferior nível de desenvolvimento.
Das 50 cidades mais violentas do mundo, 21 estão no Brasil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a OMS, o Brasil lidera em número de homicídios.
Acho difícil, se não impossível, achar uma resposta única do porquê dos níveis estratosféricos de violência no Brasil. Cabe o debate, e é assunto para estudos acadêmicos.
Quanto à tolerância à violência, acumulam-se os casos de ladrões acorrentados ou amarrados por populares, buscando ”fazer justiça com as próprias mãos”. Contra violência, mais violência.
Na minha opinião, isso mostra como a violência está enraizada em nossa cultura. Ela não é apenas do pobre contra o rico, do favelado contra o “cidadão de bem”.
Qual a solução para isso?
Sinceramente, eu não sei.
Só espero que os holofotes olímpicos nos façam discutir esse assunto a fundo – e não apenas esconder o problema sob o tapete (ou atrás de muros).
O que você acha que causa a violência no Brasil? E como resolvê-la?
Se você mora em qualquer grande cidade no Brasil, a vigilância é constante. Dificilmente alguém sai de casa com roupas caras e acessórios chamativos sem se preocupar o tempo todo. E isso se traduziu nessa triste estatística, divulgada pela ONG mexicana Conselho Cidadão Para a Segurança Pública e Justiça Penal. Das 50 cidades mais violentas do mundo, 15 estão no Brasil. Dentre as 30 primeiras, temos dez representantes. Devemos nos orgulhar ou envergonhar?
Segundo o ranking (que leva em conta a taxa de homicídios por habitante em cidades com mais de 300 mil habitantes), a cidade mais violenta do mundo é San Pedro Sula, em Honduras (repetindo o péssimo primeiro lugar de 2012). Das cidades brasileiras, Maceió é a mais violenta, ocupando a 6a posição no ranking global. Ainda que um péssimo resultado, Maceió caiu três posições em relação ao índice anterior. A publicação completa pode ser lida aqui.
As cidades do Norte e Nordeste se destacaram negativamente. No Sul, apenas uma cidade está entre as 50 mais violentas do mundo. De forma surpreendente, São Paulo e Rio de Janeiro não estão na lista.
Depois de Maceió, figuram João Pessoa (10.), Manaus (11.), Fortaleza (13.), Salvador (14.), Vitória (16.), São Luís (23.), Belém (26.), Cuiabá (28.), Recife (30.), Goiânia (34.), Curitiba (42.), Macapá (45.), Belo Horizonte (48.) e Brasília (49.).
Você acha que as cidades brasileiras são violentas demais?
O que deve ser feito para reduzir essas estatísticas?
Nesta semana, o ONU-Habitat, programa para os assentamentos humanos das Nações Unidas, divulgou o mais recente relatório sobre as condições de vida e desenvolvimento da América Latina.
De acordo com ele, o Brasil evoluiu nos últimos anos, mas ainda é um dos países mais desiguais da região. Por outro lado, Peru, Equador e Uruguai estão entre os países com distribuição de renda mais equitativa – ignorem a liderança da Venezuela, grande produtor de petróleo em que praticamente todos os cidadãos têm condições de vida deploráveis.
Enquanto o Uruguai possui saneamento básico em 100% e o Chile em 98% das residências, apenas 85% das casas brasileiras possuem este insumo básico à prevenção de doenças como cólera, leptospirose ou esquistossomose, por exemplo. O Brasil é apenas o 19. colocado neste quesito.
Por outro lado, desde a década de 1990 o país vem aumentando seu share no PIB regional: em 2009, a economia brasileira já representava 32% do total latino-americano.
Além disso, a violência caiu no país. Hoje, Guatemala e México são líderes em homicídios na região, que tem o assustador índice de 20 assassinatos a cada dez mil pessoas por ano.
Leia o relatório completo neste link.