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Tradição e linearidade vs. contemporaneidade e renovação

Neste domingo, finalmente fui passear na região da novíssima Ópera de Oslo (inaugurada em 2008) e fiquei admirado pelos prédios da região. Vejam as imagens abaixo.

Resolvi pesquisar e descobri que aqueles edifícios fazem parte de um projeto chamado Barcode, que por sua vez é integrante do projeto Fjord City (vale a pena ler mais a respeito neste link).

Em linhas gerais, o projeto visa renovar a antiga região portuária e das docas da cidade de Oslo, e para isto foram contratados arquitetos que dariam uma nova funcionalidade à região com edifícios sustentáveis. Isto aumentaria as áreas de escritórios e moradias sem pressionar o meio ambiente do entorno da cidade (por gerar novas regiões utilizáveis em uma região central).

Este projeto lembra bastante o projeto Porto Maravilha, que dará uma nova face à antiga região portuária e das docas do Rio de Janeiro, incluindo a construção de dois museus e uma infinidade de outros edifícios. Já falamos sobre estes projetos aqui ó.

Nos dois casos, há polêmicas que circundam o projeto. No Rio, motoristas estão indignados com a perda do Elevado da Perimetral, que será derrubado como parte do projeto urbanístico. Aqui em Oslo, habitantes e urbanistas criticam a falta de vida na nova região. Além disso, os novos prédios são uma afronta à arquitetura tradicional de uma cidade com mais de mil anos de história.

Não quero tirar a razão de motoristas que levarão mais tempo para chegar aos seus destinos ou de saudosistas noruegueses. Mas o interesse comum deve ser colocado acima de opiniões individuais. O Projeto Porto Maravilha e o Projeto Fjord City são ótimas adições às duas cidades, cada qual com a sua necessidade.

Passei quase dois meses sem ir à região de Bjørvika e a ausência de linearidade não havia sido notada. Sim, quando desci do bonde a impressão foi de desembarcar em uma cidade completamente diferente, mas e daí? Oslo precisa de espaço, precisa de modernidade e é uma importante capital nórdica, uma das cidades mais ricas do planeta. Fomentar a inovação e a expressão artística está enraizado na cultura local, e é admirável o crescimento da cidade.

No Rio, o Porto Maravilha renovará uma região que era apenas ponto de passagem para milhares de pessoas apressadas no coração da cidade. Não se deve priorizar apenas as regiões nobres, tampouco se deve ser necessário expandir os limites urbanos para que desenvolvimento e crescimento ocorram. Reinventar, recriar, redimensionar.

Puerto Madero, em Buenos Aires, e Port Vell, em Barcelona, são exemplos de sucesso de reconstruções de regiões centrais destas cidades.

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Crescimento econômico brasileiro no 1o tri frustra expectativas; em 2013, não devemos crescer 3%

Éééééé amigos… a coisa tá feia para a dona Dilma e o Sr. Mantega. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma de tudo o que é produzido em um determinado período) no primeiro trimestre de 2013 frustrou as expectativas de mercado (novamente). Era esperado 0,9% em relação ao último tri de 2012 – crescemos 0,6%.

A indústria, que há algum tempo tem patinado, diminuiu 0,3% (em relação ao 4T2012, na série sem efeitos sazonais). No comparativo interanual, a indústria extrativa caiu 6,6%.

Se não fosse a agropecuária, que com a safra recorde deste ano cresceu 9,7% na margem, o PIB teria ficado praticamente estável – uma piada de extremo mal gosto para um governo que não sabe como fazer o Brasil crescer.

Isso levou boa parte dos economistas a reduzir suas projeções para o crescimento neste ano. O Bradesco espera crescimento entre 2% e 2,5%; a Gradual Investimentos, 2,1%; BES, 2,3%. O governo era o único que ainda esperava 3,5% – vai ter que revisar.

Já passou da hora da Dilma demitir o Mantega. O ministro, cujas previsões extremamente otimistas já lhe tolheram de qualquer credibilidade, tem sido frequentemente ironizado pela mídia especializada internacional (A The Economist mandou a presidente demiti-lo se quiser se reeleger; o Finantial Times o nomeou profissional do jeitinho). E se Dilma não tomar providências, em breve, o Brasil inteiro pode ser ironizado. Voltaremos a ser o eterno país do futuro que nunca chega.

 

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Setor Externo ameaça economia brasileira

Não foi por falta de aviso. Nem por falta de histórico.

As crises do petróleo escancararam o déficit em conta corrente brasileiro nas décadas de 1970 e 80, e a solução final veio apenas com o plano real, suas elevadíssimas taxas de juros e empréstimos com o FMI para evitar um novo calote da dívida.

Durante a última década, o Brasil surfou uma onda de elevação dos preços das commodities (produtos básicos, como soja, milho e minério de ferro) e não teve de se preocupar com sua conta corrente.

A forte entrada de investimentos e os superávits na balança comercial (exportações maiores que as importações) fizeram com que a conta corrente fosse assunto de livros de história.

Porém, isso começou a se inverter com o estopim da crise do sub-prime americano em 2008 e desde então vem se agravando. Com o sucateamento da indústria brasileira, importamos mais e mais produtos industrializados. Mas ainda exportávamos muita soja e ferro, e estava tudo bem. Mas o cenário pode se inverter de vez – e isso pode deteriorar fortemente o cenário econômico nacional.

Da Folha:

A possibilidade de que a desaceleração na China e a retomada dos EUA ocorram em ritmo mais forte do que o previsto representa um risco para o Brasil.

As duas maiores economias do mundo caminham em direções opostas.

Se esse descasamento se acelerar rapidamente, o Brasil poderá se deparar com dificuldades para financiar o crescente rombo em suas contas com o exterior, que chegou a 3% do PIB (Produto Interno Bruto).

Uma fraqueza mais acentuada da China levaria a uma desaceleração maior das exportações brasileiras, podendo provocar um maior deficit em conta-corrente.

Esse saldo negativo nas transações do país com o exterior precisa ser financiado com recursos externos.

Nos últimos cinco anos de deficit, os investimentos estrangeiros diretos cobriram os buracos. Em 2013, essa situação mudou. O país voltou a depender de recursos mais voláteis, como investimentos em ações e renda fixa.

A expectativa de analistas para a entrada desses fluxos no Brasil em 2013 é boa.

A possível pedra no caminho pode ser uma recuperação mais rápida dos EUA.

Isso levaria parte desses recursos a sair de mercados emergentes e migrar para ativos americanos, principalmente em um possível cenário de alta de juros nos EUA.

Reservas de US$ 375 bilhões ajudariam a conter uma desvalorização do real.

Mas, segundo o economista Affonso Celso Pastore, a tendência seria de uma “correção contracionista” no Brasil, ou seja, com impacto negativo sobre a atividade:

“Se houver restrição de capital quando os Estados Unidos começarem a retirar liquidez do mercado, o câmbio no Brasil sofrerá um ajuste”, disse Pastore durante seminário da EMTA (Emerging Markets Trade Association) na última quinta-feira.

Uma desvalorização mais forte do real pressionaria a inflação, que está próxima ao teto da meta, de 6,5% (o centro da meta é 4,5%).

Isso poderia forçar o Banco Central a aumentar mais os juros, freando o crescimento bruscamente.

O renomado economista Mansueto Almeida não crê que isso seja grave no momento, mas alerta para os riscos no longo prazo:

O problema agora é que começamos a voltar para um déficit em conta corrente elevado, sem perspectiva de redução nos próximos anos. Se de fato a taxa de investimento começa a crescer e caminhar ao longo dos próximos anos para romper a barreira dos 20% do PIB, o déficit em conta corrente vai se aprofundar ainda mais e, possivelmente, vamos romper a barreira dos 4% do PIB novamente.

O pior de tudo isso é que o Brasil ainda é uma economia muito fechada e já estamos com um déficit em conta corrente elevado. Dado o nosso histórico, isso preocupa, até porque um país que cresce com o uso elevado de poupança externa tem câmbio valorizado, algo que o governo e indústria não querem.

Estamos na iminência de uma crise do setor externo? De maneira alguma. Estamos longe disso. O problema é que para crescer mais rápido vamos precisar, cada vez mais, da ajuda do resto do mundo. Uma  estratégia que tem riscos no longo prazo e um modelo que implica uma moeda mais valorizada. Esse é um novo problema para o próximo governo.

Se você não entendeu, tudo isso pode contribuir para desacelerar ainda mais o crescimento da economia brasileira nos próximos anos e elevar a inflação. Uma combinação nada agradável que os Brasileiros acima d0s 30 anos lembram bem.

E agora, Dilma?

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Grandes novidades no Economistinha!

O seu blog favorito está lançando algumas boas novidades hoje!

Talvez você tenha chegado até aqui e pensado… ué, o Francis está maluco. Não vejo mudança alguma! As mudanças são discretas, e vêm apenas para reforçar o que já estava bom. Estava na hora de alçar vôos mais altos, rumo ao desconhecido. E para isso, o Economistinha cresceu.

Se você for bom observador, deve ter notado duas coisinhas pequenas – mas significativas:

1) Agora, o Economistinha tem domínio próprio! É isso aí, agora sua vida ficou mais fácil. Basta digitar economistinha.com em seu navegador e pronto! Ah, e você sempre pode acompanhar nossos novos posts através da nossa página no facebook ou de nosso twitter. Mais do que praticidade, isso traz maior independência para o blog, além da tão sonhada maioridade na blogosfera!

2) Mudamos nosso “about” para “O Economistinha”. Porque se é sobre nós, é o Economistinha! E se você ainda não clicou ali, ainda não viu nossas maiores novidades para esta temporada…

3) O Economistinha tem novos autores!

Depois de algumas participações especiais ao longo dos últimos 14 meses, chegou a hora do blog ganhar com uma visão ainda mais ampla. O Danilo e o Diogo se juntam a mim para que o blog cresça em qualidade e diversidade. Enquanto o Diogo vai escrever semanalmente sobre a crise europeia sob a ótica de alguém que sente na pele os seus efeitos, o Danilo vai quinzenalmente nos entreter e fazer pensar com crônicas ricas em simbolismos, misturando personagens da ficção e da realidade. E eu vou continuar analisando diversos pontos da macroeconomia, política, economia doméstica/finanças pessoais e atualidades.

Vai, clica aqui e leia mais sobre nossos novos autores!

Ansioso pelas novidades?

Pois ainda nesta semana nossos novos autores vão estrear aqui no Economistinha. Fique atento!

Essas mudanças visam ampliar o leque de abrangência do blog e reforçar áreas que eram cobertas apenas superficialmente. Juntos, somos mais fortes. E agora, o Economistinha é ainda maior. Três autores em três continentes, sempre buscando uma forma original e inteligente de informar.

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Acelera, Brasil! Prévia de PIB de janeiro mostra crescimento de 1,3% em apenas um mês

Os sonhos mais profundos do governo parecem estar se tornando realidade. E assim, ajudam a encaminhar a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Segundo a prévia do PIB divulgada nesta sexta-feira pelo Banco Central do Brasil, a economia apresentou um crescimento de 1,29% em relação a dezembro (na série sem os efeitos sazonais) e de 2,73% em relação a jan/2012.

O Brasil não está morto! PIB volta a acelerar, segundo prévia do Banco Central

Este resultado é interessante, visto que em nenhum momento o IBC-Br superou a marca de 1% em um único mês ao longo de 2012. O melhor resultado daquele ano foi o de junho, com crescimento de 0,72%. Em dezembro, o IBC-Br havia registrado queda de 0,45% em relação ao mês anterior.

Não podemos ignorar que janeiro é o principal mês de colheitas no país, e que tivemos forte quebra de safra no ano passado. Ou seja: a agropecuária pode representar boa parte deste crescimento no mês.

É um pequeno sinal, mas que se se mantiver, pode indicar uma retomada do crescimento econômico do país. Aguardemos novas informações. Continuaremos atentos.

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